sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Impactos ambientais para alunos da 8ª série

Desde que os mais distantes antepassados do homem surgiram na terra, eles vêm transformando a natureza. Durante muitos séculos, o homem foi bastante submisso a natureza. Enquanto ele era caçador e coletor, sua ação sobre o meio ambiente restringia-se a interferência em algumas cadeias alimentares, ao caçar certos animais e colher certos vegetais para seu consumo. A utilização do fogo foi, talvez, a primeira grande descoberta realizada pelo homem, permitindo que ele se aquecesse nos dias mais frios e cozinhasse seus alimentos. Ainda assim, o impacto sobre o meio ambiente era muito reduzido.

Com o passar do tempo, alguns grupos humanos descobriram como cultivar alimento e como criar animais. Com a revolução agrícola, há aproximadamente 10.000 a.C, o impacto sobre a natureza começou a aumentar gradativamente, devido a derrubada das florestas em alguns lugares para permitir a pratica da agricultura e pecuária. Além disso, a derrubada de matas proporcionava madeira para a construção de abrigos mais confortáveis e para a obtenção de lenha. A partir de então, alguns impactos sobre o meio ambiente já começaram a se fazer notar: alterações em algumas cadeias alimentares, como resultado da extinção de espécies animais e vegetais; erosão do solo, como resultado de pratica agrícolas impróprias; poluição do ar, em alguns lugares, ela queima das florestas e da lenha; poluição do solo e da água, em pontos localizados, por excesso de matéria orgânica.

Outro importante resultado da revolução agrícola foi o surgimento das primeiras cidades, há mais ou menos 4.500 anos. A população humana passou a crescer num ritmo mais rápido do que até então.

Ao longo de séculos e séculos, os avanços técnicos foram muito lentos, assim como o crescimento populacional. Desde o surgimento do homem, a população mundial demorou mais de 200 mil anos para atingir os 170 milhões de habitantes, no inicio da era cristã. Depois, precisou de “apenas” 1.700 anos para quadruplicar, atingindo os 700 milhões as vésperas da Revolução Industrial. A partir daí, passou a crescer num ritmo acelerado, atingindo quase 1,2 bilhão de pessoas por volta de 1850. Cem anos depois, em 1950, esse número já tinha dobrado novamente, atingindo aproximadamente 2,5 bilhões de seres humanos. Desde então o crescimento foi espantoso. Em 1970, já éramos mais de 3,5 bilhões e, em 1990, ultrapassamos os 5 bilhões de habitantes no planeta, hoje já estamos em 7 bilhões de pessoas.

É importante perceber que, paralelamente a espantosa aceleração do crescimento demográfica, ocorreu avanços técnicos inimagináveis para o homem antigo, que aumentaram cada vez mais capacidade de transformação da natureza.

Assim, o limiar entre o homem submisso a natureza e senhor dela é marcado, pela Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. Os impactos ambientais passaram acrescer em ritmo acelerado, chegando a provocar desequilíbrio não mais localizado, mas em escala global.

Os ecossistemas têm incrível capacidade de regeneração e recuperação contra eventuais impactos esporádicos, descontínuos ou localizados, muitos dos quais provocados pela própria natureza, mas a agressão causada pelo homem e contínua, não dando chance nem tempo para a regeneração do meio ambiente.

O homem também é parte integrante do meio em que vive. Ele também é componente da frágil cadeia que sustenta a vida no planeta, e não o senhor absoluto da natureza, e, embora não lhe seja mais submisso, continua precisando dela para a sua sobrevivência e para a sobrevivência de milhares de espécies dos diversos ecossistemas. Daí a necessidade premente de se rediscutir o modelo de desenvolvimento, o padrão de consumo, desigual distribuição de riqueza e o padrão tecnológico existentes no mundo atual.

Principais impactos

Impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado por um choque, resultante da ação do homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser resultados de acidentes naturais: a explosão de vulcão pode provocar poluição atmosférica. Mas devemos dar cada vez mais atenção aos impactos causados pela ação do homem. Quando dizemos que o homem causa desequilíbrios, obviamente estamos falando do sistema produtivo construído pela humanidade ao longo de sua historia. Estamos falando do particularmente do capitalismo, mas também do quase finado socialismo.

Um impacto ocorrido em escala local, posa ter também conseqüências em escala global. Por exemplo, a devastação de florestas tropicais por queimadas para a introdução de pastagens pode provocar desequilíbrios nesse ecossistemas natural. Mas a emissão de gás carbônico como resultado da combustão das árvores vai colaborar para o aumento da concentração desse gás na atmosfera, agravando o “efeito estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam tendo um efeito também em escala global.

As florestas tropicais

Um dos principais impactos ambientais que ocorrem em um ecossistema natural é a devastação das florestas, notadamente das florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidades. Essa devastação ocorre basicamente por fatores econômicos, tanto na Amazônia quanto nas florestas africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. O desmatamento ocorre principalmente como conseqüência da:

- Extração da madeira para fins comerciais;

- Instalação de projetos agropecuários;

- Implantação de projetos de mineração;

- Construção de usinas hidrelétricas;

- Propagação do fogo resultante de incêndios;

A exploração madeireira é feita clandestinamente ou, muitas vezes, com a conivência de governantes inescrupulosos e insensíveis aos graves problemas ecológicos decorrentes dela. Não levam em conta os interesses das comunidades que habitam os lugares onde são instalados, nem os interesses da nação que os abriga porque, com raras exceções, esses projetos são comandados por grandes grupos transnacionais, interessados apenas em auferir altos lucros.

Os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Podem também ser resultado de uma prática criminosa difícil de cobrir ou ainda de acidentes, inclusive naturais.

A primeira conseqüência do desmatamento é a destruição da biodiversidade, como resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. Muitas espécies que podem ser a chave para a cura de doenças, usadas na alimentação ou como novas matérias-primas, são totalmente desconhecidas do homem urbano-industrial e correm o risco de serem destruído antes mesmo de conhecidas e estudado. Esse patrimônio genético é bastante conhecido pelas várias nações indígenas que habitam as florestas tropicais, notadamente a Amazônia. Mas essas comunidades nativas também estão sofrendo um processo de genocídio e etnocídio que tem levado a perda de seu patrimônio cultural, dificultando, portanto, o acesso aos seus conhecimentos.

Um efeito muito sério, do desmatamento é o agravamento dos processos erosivos. Em uma floresta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva, que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo. Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as árvores evitam o impacto direto da chuva com o solo e suas raízes ajudam a retê-lo, evitando a sua desagregação. A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As conseqüências dessa interferência humana são várias.

- Aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos, como resultado da retirada de sua camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a agricultura;

- Assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que provoca desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas vezes, trazer dificuldades para a navegação;

- A elevação das temperaturas locais e regionais, como conseqüência da maior irradiação e calor para atmosfera a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar é absorvida pela floresta para o processo de fotossíntese e evapotranspiração, Sem a floresta, quase toda essa energia é devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as temperaturas médias.

- Agravamento dos processos de desertificação

- Proliferação de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrio nas cadeias alimentares. Algumas espécies, geralmente insetos, antes sem nenhuma nocividade, passam a proliferar exponencialmente com a eliminação de seus predadores, causando graves prejuízos, principalmente para agricultura.

Além desses impactos locais e regionais da devastação das florestas, há também a queima das florestas que tem colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.

Impactos ambientais em ecossistema agrícolas

Como resultado da modernização do campo e da introdução de novas técnicas agrícolas, a produção de alimentos aumentou significativamente. Contudo, apesar dos espantosos avanços tecnológicos, a fome ainda ronda milhões de pessoas em países subdesenvolvidos, principalmente na África. Além disso, como resultado da revolução agrícola, enfrenta-se, atualmente, uma série de desequilíbrios no meio ambiente.

Poluição com agrotóxicos

O plantio de uma única espécie em grandes extensões de terra tem causado desequilíbrio nas cadeias alimentares preexistentes, favorecendo a proliferação de vários insetos, que se tornaram verdadeiras pragas com o desaparecimento de seus predadores naturais. Por outro lado, a maciça utilização de agrotóxicos, na tentativa de controlar tais insetos, tem levado a proliferação de linhagens resistentes, forçando a aplicação de pesticidas cada vez mais potentes. Isso, além de causar doenças nas pessoas que manipulam e aplicam esses venenos e naqueles que consomem os alimentos contaminados, tem agravado a poluição dos solos.

Erosão

Outro impacto sério causado pela agricultura é a erosão do solo. A perda de milhares de toneladas de solo agricultável todos os anos, em conseqüência da erosão, é um dos mais graves problemas enfrentados pela economia agrícola. O processo de formação de novos solos, como resultado do intemperismo das rochas, é extremamente lento, daí a gravidade do problema.

O combate a erosão

- Terraceamento: consiste em fazer cortes formando degraus nas encostas das montanhas, o que dificulta ao quebrar a velocidade de escoamento da água, o processo erosivo. Essa técnica é muito comum em países asiáticos, como a China, o Japão, a Tailândia.

- Curvas de nível: esta técnica consiste em arar o solo e depois e fazer semeadura seguindo as cotas altimétricas do terreno. Pra reduzi-la ainda mais, é comum a construção de obstáculos no terreno, espécies de canaletas, com terra retirada dos próprios sulcos resultantes da aração. O cultivo seguindo as curvas de nível é feito em terrenos com baixo declive, propício a mecanização.

- Associação de culturas: em que deixam boa parte do solo exposto a erosão é comum plantar entre uma fileira e outra, espécies leguminosas que recobrem bem o terreno. Essa técnica, alem de evitar a erosão, garante o equilíbrio orgânico do solo.

EXERCICIO

1) Quais as causas do desmatamento?

2) Quais as causas das queimadas?

3) Quais as consequencias do desmatamento?

4) O que é assoreamento?

5) Como ocorre a Erosão?

6) Como combater a erosão?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

B) A Globalização
Na década de 80 ocorreu o esgotamento do modelo do “Estado do bem-estar social” dos países centrais, que tinham adotado o keynesianismo, daí iniciou-se a política neoliberal nos EUA e no Reino Unido e em outros países da América Latina. O neoliberalismo coincide com a globalização adotando o livre-cambismo, que facilita o intercâmbio comercial entre os países.
Ao ideal de “progresso” no início do século e ao de “desenvolvimento” no pós-guerra, criou-se a partir da década de 80 a meta empresarial da “competitividade” = maior produtividade (aprimoramento tecnológico e menores custos de mão-de-obra pela terceirização; matérias-primas e energia) e lucratividade (oferecer ao mercado produtos bons e baratos, gerando-se lucros maiores por menores custos). Para isto é mister altos investimentos em pesquisa C & T, cuja reprodução de capital mais rápida exige a mundialização do mercado.
Avanço tecnológico nos transportes e comércio diminuiu a relação custo-tempo e permitiu às empresas uma estratégia global de produção (decomposição do processo de produção e dispersão das suas etapas em escala mundial, através de rede e em busca de menores custos).
Mundialização do espaço geográfico da produção, da circulação e consumo e o das idéias. Neste as agências internacionais de notícias e de informação (como a AP, Reuters), a Internet e a TV a cabo difundem valores e padrões de comportamento como o consumismo, os modismos e o utilitarismo.
A globalização não significa homogeneização do espaço mundial pois há movimentos de resistência contra ela, criados por grupos excluídos ou de preservação de valores morais e de costumes como os nacionalistas e fundamentalistas religiosos, estes últimos pretendendo o retorno a verdades e dogmas fundamentais de suas crenças. Na realidade, pois, surge uma hibridização ou mistura das condições histórico-culturais do local e do mundo, cultural e economicamente. As razões desta situação são a exclusão social e a maior concentração de renda dentro dos países e a nível internacional.
Além disso, a globalização não corresponde à uma integração social, visto que aumenta a concentração de renda tanto nos países ricos (como nos EUA) como nos países pobres.
Fábrica global ou economia de rede: etapas do processo produtivo é internacionalizado em busca de maior lucratividade, concentrando-se, porém, o processo de pesquisa científica e mercadológica nos países centrais, sedes das empresas.
A aldeia global representa a comunidade internacional integrada pela comunicação e informação em face da mídia eletrônica (rádio e televisão) e telemática (uso conjunto do computador e meios de comunicação como a Internet e via satélite).
A Economia-mundo é executada pelas transnacionais e bancos internacionais, superando fronteiras, controlando 1/3 do comércio internacional, estabelecendo alianças e fusões com outras empresas, planejando e decidindo atividades conforme as determinações de suas sedes nos países centrais, através da telemática, sobre suas subsidiárias. As 100 maiores transnacionais são japonesas, americanas e européias; faturam cerca de 5 bilhões de dólares anualmente e possuem 50% de suas subsidiárias nos países subdesenvolvidos.
A interdependência por competitividade é o que caracteriza a economia globalizada, em que países não têm controle absoluto de sua soberania política e econômica em face do poder do capital, especialmente do especulativo (como ocorreu com a crise asiática a partir de outubro/97).
Denominam-se países emergentes os que tentam se adequar aos padrões da economia global. O Brasil, porém, não pode ser considerado um país emergente, visto que seus índices sociais de escolaridade e de condições médico-sanitárias são deficientes (espelhados em uma taxa de mortalidade infantil e expectativa de vida), sua renda nacional é concentrada e os governos não administram os seus gastos, aumentando os déficits públicos.
Na situação atual apenas os “tigres asiáticos” podem ser considerados emergentes pela sua cultura compatível com o desenvolvimento capitalista, pela administração racional dos seus recursos humanos e econômicos, pelos estímulos às empresas nacionais a fim de ganharem competitividade no mercado internacional e pela mão-de-obra altamente especializada e barata.

C) Regionalização: uma fase da globalização.
Representa conjunção de interesses entre os agentes de globalização (eliminação de fronteiras nacionais e entraves à livre circulação de capitais, mercadorias e serviços) e os Estados (defesa da soberania e nacionalidade) para fazer frente à competitividade internacional.
Acordos de regionalização facilitam reprodução ampliada do capital pelo lucro, pois aumenta o mercado, facilita o comércio e se estabelecem taxas aduaneiras comuns; além disso, incrementam a interdependência por competitividade em escala global, através de alianças e fusões dos conglomerados industriais e financeiros que se formam a nível regional.
85% do comércio internacional é feito pelas alianças destes conglomerados cujas sedes estão na UE, no NAFTA (EUA e Canadá), APEC (que engloba a ASEAN no SE Asiático) e o MERCOSUL.
Etapas da integração (vide texto B- Idade Contemporânea, sub-ítem g, à página 2). A quarta fase, ou seja, a união monetária, corresponde a zona de livre comércio +união alfandegária +mercado comum + coordenação da política econômica com a criação de um Banco Central para todos os países membros. A quinta e última fase assume as fases anteriores, acrescendo a unificação da políticas de relações internacionais, defesa e segurança.

D) Os pólos de poder na economia globalizada: UE, NAFTA e APEC.

a) União Européia – Processo de formação: CECA (fundada em 195l, associando-se o Benelux, Alemanha e França, abafando os nacionalismos e rivalidade franco-germânica pois reuniu áreas siderúrgicas alemãs - Sarre e Ruhr - com as francesas da Alsácia e Lorena). 1957: Tratado de Roma- MCE ou CEE, formando a Europa dos Seis (o mesmo número da CECA), dos Nove (em 1973, incluindo Irlanda, Reino Unido e Dinamarca), dos Dez (198l: Grécia), dos Doze (1986: Espanha e Portugal). Hoje existe a União Européia.
Em 1992, pelo Tratado de Maastrich, criou-se a UE com objetivos de integrar a AELC (mercado comum da Europa Setentrional); de criar o euro- moeda única a partir de 1999; de instituir um Parlamento Europeu e de integrar o Quadrilátero de Visegrád (Hungria, Polônia, Rep. Tcheca e Eslovaca) e os países da Europa Oriental, ora em transição do socialismo para o capitalismo. Ao se juntarem a UE com a AELC forma-se o Espaço Econômico Europeu (EEE) chamado pelos EUA de “fortaleza européia” ou “Estados Unidos da Europa” em face de atingirem todas as etapas de integração.
A partir de 1/5/99 o Tratado de Amsterdam começou a vigorar, regulamentando temas referentes à justiça e ao direito na UE, após 19 meses de referendos populares e ratificações de parlamentos de vários países europeus. É mais um reforço no processo de integração européia: em 1993 caíram as últimas taxas alfandegárias, em janeiro de 1999 iniciou-se a união monetária com o euro. Esse tratado determina “o estabelecimento progressivo de uma área de liberdade, segurança e justiça” dentro da UE.

b) NAFTA: aliança desigual - necessidade de concorrer com o bloco europeu. Ainda é uma zona de livre comércio. Problemas: sindicalistas americanos são contra, crise da Bolsa do México em 1995, disparidades de padrão de vida entre os participantes. Indústrias maquiadoras norte-americanas atravessam a fronteira do México em busca de facilidades e de maiores lucros, além de atenderem à expectativa dos EUA de diminuição dos fluxos ilegais de mexicanos (chicanos).
Até 2005 os EUA estão pretendendo organizar a ALCA, representaria um desastre para a América Latina, em especial para Mercosul, pois as disparidades econômicas e sociais são grandes. Exemplos: a escolaridade dos trabalhadores brasileiros é de 6,5 anos, enquanto nos EUA é de 14;os custos de transportes aqui são o dobro do americano em face da carência de infra-estrutura de hidrovias, ferrovias e portos; a geração de energia na América do Sul era de 120 gigawats, 8 vezes menor que a da América do Norte. Se a ALCA fosse constituída hoje as empresas americanas dotadas de mais capital e tecnologia eliminariam as latino-americanas , aumentando o desemprego e sua dependência.

c) Bloco Asiático - Seqüência do processo: 1950- início da recuperação japonesa; a partir de 1960- expansão japonesa para a Ásia (especialmente os “tigres”, que se tornam plataformas de exportação de automóveis, computadores e produtos eletro-eletrônicos); 1967: formação da ASEAN (Brunei, Vietnã, Cingapura e novos tigres- Filipinas, Tailândia, Malásia e Indonésia), transformada em zona de livre comércio em 1992.
Em 1989, criou-se APEC que incluiu a ASEAN, os países do NAFTA, o Chile, Austrália, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné. É uma zona de livre comércio, onde se defrontam interesses japoneses e americanos. Na Tailândia e Indonésia iniciou-se a crise asiática. Segundo Robert Kurz (na FSP de 2/11/97) o “século do Pacífico” esgotou-se com esta crise (a partir de outubro de 97) , cujas raízes estão no próprio modelo de desenvolvimento japonês (superávits no comércio exterior c/ EUA) e na presença maciça de capitais especulativos na região.
Prof. Alan Santos/ Geografia
Série 8ª
Capitalismo e Socialismo: da Guerra Fria à Nova Ordem Mundial

A) A Velha Ordem Mundial
Ordem Mundial representa uma hierarquia criada na DIT pela superposição de uns países sobre outros, estabelecendo um conjunto de relações comerciais, diplomáticas, financeiras e tecnológicas entre eles. Ela se iniciou com a I Revolução Industrial e terminou em 1989, com a queda do Muro de Berlim, que simbolizava a bipolaridade e disputa ideológica e militar entre as duas superpotências vencedoras da II Guerra Mundial.
Características: bipolaridade após a II Guerra Mundial  Guerra Fria e daí a divisão do mundo em dois grupos antagônicos, sob a liderança das duas superpotências (EUA x URSS)  retalhamento da Alemanha e de Berlim em 4 áreas de ocupação dos aliados na II Guerra (França, Inglaterra, EUA e União Soviética) Europa dividida geopoliticamente em Ocidental (capitalista, democrática, sob influência americana, recuperada pelo Plano Marshall e unidade pelo MCE e pela OTAN) e Oriental (sob influência soviética, unida economicamente através do COMECON e militarmente pelo Pacto de Varsóvia. EUA: Plano Marshall (Europa Ocidental), Plano Colombo (SE e L da Ásia), arsenal nuclear, guerras da Coréia (1950/53) e do Vietnã (1960/73) para conter a expansão do socialismo.
Equilíbrio de poder do mundo bipolar na Guerra Fria era feito através de organizações econômicas e militares e do arsenal nuclear (‘equilíbrio do terror’). Complexo industrial-militar com o apoio do Estado investe em tecnologia de ponta, que, paradoxalmente, condicionou a atual Revolução da C & T.

B) Capitalismo
Características: fabricação de produtos ou mercadorias para atender as necessidades do mercado, ou seja, economia de mercado cujos preços teoricamente variam conforme a oferta e procura e competição dos agentes de produção, mas que na verdade são controlados pelos grandes grupos empresariais (capitalismo monopolista); a propriedade dos meios de produção (máquinas, fábricas, ...) é privada (dos capitalistas ou burguesia; reprodução do capital através do lucro.
Há dois tipos de capital: o produtivo e o especulativo. No capital produtivo o lucro é reproduzido quando aplicado em fábricas, máquinas, mão-de-obra, matérias-primas, energia, resultando num produto que é vendido e assim retorna o capital inicial com o lucro. Ele gera riquezas ao país, paga salários e impostos.
No capital especulativo o empresário alavanca seu capital (aumento exagerado), investe em ações, força suas cotações para auferir lucro; ou retém alguma mercadoria em estoque para forçar sua alta no mercado para depois vendê-la - isto significa que o lucro está sendo privilegiado, está em primeiro lugar e está havendo uma manipulação do mercado e forçando as regras do jogo.
Evolução do capitalismo:
Comercial (ou pré-capitalismo) - acumulação primitiva de capital do século XIII ao XVIII pois feito pelas trocas comerciais estimulando a produção entre as metrópoles (Mercantilismo - Absolutismo) e as colônias (= colonialismo moderno da Europa sobre a América - formação de colônias de povoamento e de exploração).
A riqueza deixou de ser a terra aos poucos (como na Baixa Idade Média) e a economia de mercado começou a se formar a partir do trabalho artesanal. O crescimento urbano favoreceu o desenvolvimento das relações comerciais e a diversificação social.
A partir do século XV ampliaram-se as relações comerciais com as grandes navegações, criou-se o primeiro processo de globalização, iniciou-se uma DIT com a inserção de novas terras no sistema capitalista e o colonialismo moderno europeu sobre a América.
 Capitalismo Industrial - liberal e concorrencial nos séculos XVIII e XIX. Máquinas a vapor aumentam a produtividade, surge uma nova organização social e econômica (burguesia industrial, dona dos meios de produção x proletariado, com sua força de trabalho). O equilíbrio do mercado se dá pela livre concorrência ou competição com base na lei da oferta (feita pelos produtores) e procura (feita pelos consumidores).
O capitalismo se consolida com a substituição da manufatura pelas máquinas a vapor nas indústrias têxteis. A mecanização aumentou o ritmo de produção de mercadorias e aperfeiçoou a divisão de trabalho (do trabalho artesanal se passou à linha de produção).
O espaço geográfico da produção e as cidades se estruturam próximos das jazidas minerais de hulha (carvão mineral) na I Revolução Industrial.
 Capitalismo financeiro e monopolista - a reprodução ampliada do capital através dos lucros no século XIX exigiu a formação de bancos para gerenciá-lo. Surgiu a partir da II Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX e a crise econômica da Grande Depressão (recessão, falências, desemprego).
Com a Grande Depressão na Europa, no final do século XIX, apenas as grandes empresas sobreviveram, daí surgindo os monopólios e oligopólios, que se ligam aos Estados para obter vantagens e adoção de políticas expansionistas. Ocorre, assim, o imperialismo europeu sobre a África e Ásia, dos EUA sobre a América Central e Pacífico e do Japão sobre a China (Manchúria) e Coréia.
Iniciou-se, desta forma, a segunda globalização com o novo colonialismo e as conquistas tecnológicas (novos meios de transportes e comunicações) e fontes de energia (petróleo) e investimentos (especialmente os britânicos em ferrovias para facilitar o escoamento da produção das colônias aos portos e daí para o mercado externo).
No final do século passado e início do século XX, surgiram duas novas modalidades de divisão técnica de trabalho no interior das empresas: o taylorismo e o fordismo. O taylorismo caracteriza-se pelo fato de nas seções especializadas e interdependentes cada operário faz uma tarefa limitada, rígida e cronometrada num certo tempo.
Mais tarde, de l920 a l970, vigorou o fordismo, criado nos EUA baseando-se na linha de montagem para atender à incipiente sociedade de consumo de massa. O fordismo caracteriza-se, pois, pela especialização das tarefas de trabalho (sistema rígido de trabalho mecânico e repetitivo, aumentando a produtividade do processo de produção), pela estandardização ou padronização da produção na linha de montagem. O fordismo induziu a concentração e verticalização das fábricas num processo de convergência no espaço.
O grande aumento de produção sem a correspondente procura no mercado mundial, gerando superprodução, bem como a especulação financeira condicionaram a crise de 1929. Para resolver essa crise recessiva, que se iniciou nos Estados Unidos e se propagou pelo, criou-se o intervencionismo estatal (ou keynesianismo), também chamado de Capitalismo de Estado: planejamento de obras públicas para geração de empregos, nacionalização de setores estratégicos e controle do mercado. Decorreu daí formação do “welfare state” (Estado do bem-estar social), mediando as relações entre capital e trabalho, fomentando o sistema previdenciário, cuidando da saúde e da educação.
A partir da década de 80 criou-se o Neoliberalismo , com Reagan (EUA) e Margareth Thatcher (Inglaterra), condenando o intervencionismo estatal (que impede o livre funcionamento do mercado) e o “welfare state”( cobrança de impostos como suporte para os gastos com educação e saúde, mas causando déficits públicos). Suas características: abertura da economia (livre cambismo), privatização de empresas estatais, redução do poder dos sindicatos, desemprego (empresas nacionais não conseguem competir com produtos de fora). O México, o Brasil (desde o Presidente Collor), a Argentina estão praticando esta política.

C) Diferenças do nível de desenvolvimento
A descolonização dos países africanos e asiáticos revelou os efeitos do colonialismo europeu: aumentou os “bolsões de pobreza” e tornou maior a desigualdade entre países centrais e periféricos, ou, como se diz atualmente, entre o Norte e o Sul.
Estes países subdesenvolvidos representam 68% da população mundial, mas apenas 17% de sua renda. Seu padrão de vida é extremamente baixo: elevadas taxas de mortalidade infantil (patenteando péssimas condições médico-sanitárias), a renda é muito baixa (entre US$ 370 e 270 anuais), a porcentagem de analfabetos é grande; a maior parte da PEA é rural (revelando uma baixa produtividade agrícola em face da inexistência da mecanização).
A pobreza existe em todos os países, sendo que nos desenvolvidos cresceu a exclusão social com o neoliberalismo e a Revolução tecnocientífica. Nos países periféricos, contudo, a exclusão social é muito grande, decorrendo daí a fome crônica de grande parte da população. Nos países ricos os impostos são investidos em benefícios sociais, especialmente na Europa.
Leia as características dos países subdesenvolvidos nas páginas 5 e 6.

D) Socialismo
Suas características: O Estado, ou a comunidade, é o proprietário dos meios de produção; seus lucros se aplicam em benefícios sociais, e, sendo o empresário único, planifica a economia, investindo especialmente nas indústrias de bens de produção (máquinas, ferramentas...).
As correntes de pensamento socialista (a partir do século XIX, em contrapartida ao liberalismo):
a) Socialismo utópico ou romântico - bases: igualdade entre homens e mulheres, extinção do lucro e das heranças, socialização integral dos meios de produção. Ele se manifestou nas Revoluções Liberais de 1830 e 1848, ocorridas na Europa;
b) Socialismo científico (formulado por Marx e Engels) - assim chamado porque não concebe uma sociedade ideal e sim baseia-se na evolução da História e do capitalismo para criar uma sociedade sem classes. Suas bases: a evolução histórica é determinada pela luta de classes; os operários devem se organizar como uma força revolucionária a fim de estabelecer o poder da ditadura do proletariado, que seria uma transição para uma sociedade igualitária e a socialização da produção.
“Socialismo real” - Partido bolchevique que tomou o poder na Rússia expropriou os meios de produção, acabou o poder dos sovietes antigos (onde haviam reuniões democráticas de debates dos problemas nacionais pelas classes populares), criou uma burocracia ligada ao Estado e cheia de vantagens para administrar a economia centralizada nas mãos do Estado. Com Stalin a Rússia tornou-se uma verdadeira ditadura, sem nenhuma liberdade política, religiosa e cultural.
No período entre 1921/29 formulou-se a Nova Política Econômica (NEP), ou seja, reformas econômicas organizadas por Lênin em que parte da economia estatal voltou a ser particular acabando com o confisco de produção dos camponeses e sua organização em cooperativas, deu-se a liberalização do comércio interno e houve a desnacionalização de pequenas empresas.
Stalin, contudo, acabou com esta política e iniciou outra: o planejamento qüinqüenal da economia, transformando a URSS em superpotência após a II Guerra e expandindo o socialismo para a Europa Oriental e outros países.
Em1985, ascendeu ao poder a ala reformadora do PC da URSS, sob a liderança de Gorbachov, criando as políticas da perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (transparência política) para resolver os problemas soviéticos da década de 80: descontentamento da população com filas para aquisição de bens de consumo (o planejamento estatal privilegiou as indústrias de bens de produção voltadas para o aumento do prestígio internacional como a indústria bélica e aeroespacial), ritmo lento de transformações (em face do engessamento da economia pela burocracia ligada ao Estado), as deficiências da produção agrícola e industrial (justamente por causa desse dirigismo estatal).
As dificuldades atuais da antiga URSS: se transformou na CEI; caiu a “cortina de ferro”; iniciou-se um processo doloroso de transição em certos países da Europa Oriental (como na antiga Iugoslávia, que se esfacelou em novos Estados como a Croácia, a Eslovênia, a Bósnia-Herzegovina, a Macedônia e a Grande Sérvia ou Iugoslávia),mas pacífico na antiga Tchecoslováquia (hoje as Repúblicas Tcheca e da Eslováquia), na Hungria, na Polônia (os 4 formando o Quadrilátero de Visegrád, que pleiteia o ingresso na UE). A Rússia passa pela situação dramática de indicadores negativos como a queda da produção e de renda e conseqüente falências e recessão e desemprego; aumento da pobreza, da inflação e do poder das máfias. Por trás dessas dificuldades na Rússia está a política recessiva criada com a intervenção do FMI, a corrupção da família Yeltsin e a apropriação das empresas estatais por ex-membros do PC e da burocracia.
A China ainda é socialista, mas desde 1978, com Deng Xiaoping, começou a organizar o “socialismo de mercado” com reformas econômicas no campo e na cidade e a abertura das ZEE (zonas econômicas especiais) para atrair transnacionais (aí se instalando em face de mão-de-obra baratíssima e muito disciplinada). Resultado disso: crescimento econômico de 9% na década de 80 e invasão de produtos chineses no mundo. Em julho de 1997, Hong Kong passou para a China, mas continuou capitalista, visto que é a sexta maior bolsa de valores do mundo, a segunda do Oriente e representa a porta de entrada e saída de capitais, mercadorias e serviços particularmente de EUA e Japão.

Capítulo 4 : Globalização - a Nova Ordem Mundial

A) As Origens da Nova Ordem Mundial e da Formação da Economia-Mundo
A Ordem internacional é o conjunto de características geopolíticas e econômicas mundiais que revelam uma situação de equilíbrio de poder. Geopolítica é o saber geográfico colocado a serviço do Estado e um dos elementos que contribuem para a compreensão das relações entre a política e a Geografia (“o geopolítico é um geógrafo à procura de um Estado-maior”).
Em Geopolítica é importante saber o que é heartland (ou região-core): centro dinâmico da geopolítica mundial. Exemplos: no século passado- a Baleia (=Reino Unido - com seu poder marítimo colonial) x o Urso (=França, com seu poder continental); durante a Guerra Fria: EUA (=águia americana) x URSS (urso soviético). Até a Cartografia é usada geopoliticamente - a projeção cilíndrica chamada de Mercator colocou a Europa em posição privilegiada; as projeções azimutais colocam em evidência um país, uma grande empresa transnacional.
A Velha Ordem Mundial vai desde a Revolução Industrial até a Guerra Fria, compreendendo a Ordem da Revolução Industrial (tendo a Inglaterra como região-core até a Primeira Guerra Mundial, sendo ofuscada, juntamente com a Europa, pela hegemonia americana após as duas guerras mundiais) e a Ordem da Guerra Fria. Esta foi bipolar com a hegemonia das superpotências EUA x União Soviética. Os EUA impondo aos aliados capitalistas o Acordo de Bretton Woods (dólar como moeda internacional) e novos órgãos internacionais de controle do comércio (GATT, hoje chamada de Organização Mundial de Comércio) e de crises econômicas nacionais (FMI e Banco Mundial). De outro lado, a União Soviética, com a ditadura stalinista (ou socialismo real), impondo seu modelo aos outros países socialistas.
A Nova Ordem Mundial - iniciou-se tecnologicamente com a Revolução tecnocientífica (originária no pós-guerra com as Eras Atômica e Espacial, mas acelerada após a década de 70); economicamente com a internacionalização do capital com as transnacionais e bancos internacionais e o processo de globalização, geopoliticamente com a multipolarização do espaço geográfico da produção, circulação e consumo e o das idéias pela tríade EUA - Europa Ocidental - Japão formando megablocos regionais e historicamente com a Queda do Muro de Berlim (símbolo da Guerra Fria).
O complexo industrial-militar poderoso na Guerra Fria se esfacelou, mas paradoxalmente criou as bases da tecnologia de ponta aeroespacial, telemática, informática, nuclear e eletrônica. O socialismo perdeu espaço geopolítico, apenas subsiste ainda na China, Coréia do Norte e em Cuba. Há um predomínio do capital especulativo e não mais do produtivo, a partir da década de 70 ( ao cair a conversibilidade do dólar em ouro). Cria-se uma nova DIT: países periféricos além de exportarem produtos primários, também exportam lucros e juros para manter o domínio dos países centrais com sua tecnologia de ponta.

A Revolução Científica e Tecnologia (C & T) representou a modernização dos setores de produção, a automatização das indústrias, daí o aumento e diversificação da produção, a procura de um mercado mundial (para ter um retorno mais rápido do capital investido) e daí a globalização (primeiro do capital produtivo e da tecnologia clássica, depois do capital especulativo e da tecnologia de ponta) e a nova DIT.
O capital, na dinâmica de sua reprodução pelo lucro, apresenta uma tendência à internacionalização para aumentar o mercado. No pós-guerra houve maior internacionalização com a industrialização seletiva a que alguns países periféricos da América Latina e foram submetidos - seletiva porque houve apenas transferência de tecnologia clássica e de capitais produtivos em busca de lucros maiores, já que os custos diferenciais de mão-de-obra, matérias-primas, energia e impostos eram inferiores aos dos países centrais. Continuou, porém, a dependência econômica (empréstimos dos países periféricos para a construção de infra-estrutura necessária para aquelas indústrias) e tecnológica (beneficiou transnacionais, que remetem lucros e royalties aos seus países sedes, onde havia a política do “welfare state” e os impostos eram mais elevados).
As grandes corporações industriais hoje denominadas de transnacionais (ou trustes antes da II Grande Guerra) aumentaram sua lucratividade, ora através de vantagens sobre a concorrência com produtos melhores e mais baratos, ora pela redução de custos de produção (pela automatização ou pela transferência para países que oferecem vantagens comparativas melhores de mão-de-obra, matérias-primas, impostos, legislação ambiental).
Aumentou a concentração de renda e a desigualdade entre os países. Demonstração dessa desigualdade: países centrais concentram 75% da produção mundial, 80% do comércio internacional e 90% da tecnologia de ponta.

B) A Globalização
Na década de 80 ocorreu o esgotamento do modelo do “Estado do bem-estar social” dos países centrais, que tinham adotado o keynesianismo, daí iniciou-se a política neoliberal nos EUA e no Reino Unido e em outros países da América Latina. O neoliberalismo coincide com a globalização adotando o livre-cambismo, que facilita o intercâmbio comercial entre os países.
Ao ideal de “progresso” no início do século e ao de “desenvolvimento” no pós-guerra, criou-se a partir da década de 80 a meta empresarial da “competitividade” = maior produtividade (aprimoramento tecnológico e menores custos de mão-de-obra pela terceirização; matérias-primas e energia) e lucratividade (oferecer ao mercado produtos bons e baratos, gerando-se lucros maiores por menores custos). Para isto é mister altos investimentos em pesquisa C & T, cuja reprodução de capital mais rápida exige a mundialização do mercado.
Avanço tecnológico nos transportes e comércio diminuiu a relação custo-tempo e permitiu às empresas uma estratégia global de produção (decomposição do processo de produção e dispersão das suas etapas em escala mundial, através de rede e em busca de menores custos).
Mundialização do espaço geográfico da produção, da circulação e consumo e o das idéias. Neste as agências internacionais de notícias e de informação (como a AP, Reuters), a Internet e a TV a cabo difundem valores e padrões de comportamento como o consumismo, os modismos e o utilitarismo.
A globalização não significa homogeneização do espaço mundial pois há movimentos de resistência contra ela, criados por grupos excluídos ou de preservação de valores morais e de costumes como os nacionalistas e fundamentalistas religiosos, estes últimos pretendendo o retorno a verdades e dogmas fundamentais de suas crenças. Na realidade, pois, surge uma hibridização ou mistura das condições histórico-culturais do local e do mundo, cultural e economicamente. As razões desta situação são a exclusão social e a maior concentração de renda dentro dos países e a nível internacional.
Além disso, a globalização não corresponde à uma integração social, visto que aumenta a concentração de renda tanto nos países ricos (como nos EUA) como nos países pobres.
Fábrica global ou economia de rede: etapas do processo produtivo é internacionalizado em busca de maior lucratividade, concentrando-se, porém, o processo de pesquisa científica e mercadológica nos países centrais, sedes das empresas.
A aldeia global representa a comunidade internacional integrada pela comunicação e informação em face da mídia eletrônica (rádio e televisão) e telemática (uso conjunto do computador e meios de comunicação como a Internet e via satélite).
A Economia-mundo é executada pelas transnacionais e bancos internacionais, superando fronteiras, controlando 1/3 do comércio internacional, estabelecendo alianças e fusões com outras empresas, planejando e decidindo atividades conforme as determinações de suas sedes nos países centrais, através da telemática, sobre suas subsidiárias. As 100 maiores transnacionais são japonesas, americanas e européias; faturam cerca de 5 bilhões de dólares anualmente e possuem 50% de suas subsidiárias nos países subdesenvolvidos.
A interdependência por competitividade é o que caracteriza a economia globalizada, em que países não têm controle absoluto de sua soberania política e econômica em face do poder do capital, especialmente do especulativo (como ocorreu com a crise asiática a partir de outubro/97).
Denominam-se países emergentes os que tentam se adequar aos padrões da economia global. O Brasil, porém, não pode ser considerado um país emergente, visto que seus índices sociais de escolaridade e de condições médico-sanitárias são deficientes (espelhados em uma taxa de mortalidade infantil e expectativa de vida), sua renda nacional é concentrada e os governos não administram os seus gastos, aumentando os déficits públicos.
Na situação atual apenas os “tigres asiáticos” podem ser considerados emergentes pela sua cultura compatível com o desenvolvimento capitalista, pela administração racional dos seus recursos humanos e econômicos, pelos estímulos às empresas nacionais a fim de ganharem competitividade no mercado internacional e pela mão-de-obra altamente especializada e barata.

C) Regionalização: uma fase da globalização.
Representa conjunção de interesses entre os agentes de globalização (eliminação de fronteiras nacionais e entraves à livre circulação de capitais, mercadorias e serviços) e os Estados (defesa da soberania e nacionalidade) para fazer frente à competitividade internacional.
Acordos de regionalização facilitam reprodução ampliada do capital pelo lucro, pois aumenta o mercado, facilita o comércio e se estabelecem taxas aduaneiras comuns; além disso, incrementam a interdependência por competitividade em escala global, através de alianças e fusões dos conglomerados industriais e financeiros que se formam a nível regional.
85% do comércio internacional é feito pelas alianças destes conglomerados cujas sedes estão na UE, no NAFTA (EUA e Canadá), APEC (que engloba a ASEAN no SE Asiático) e o MERCOSUL.
Etapas da integração (vide texto B- Idade Contemporânea, sub-ítem g, à página 2). A quarta fase, ou seja, a união monetária, corresponde a zona de livre comércio +união alfandegária +mercado comum + coordenação da política econômica com a criação de um Banco Central para todos os países membros. A quinta e última fase assume as fases anteriores, acrescendo a unificação da políticas de relações internacionais, defesa e segurança.

D) Os pólos de poder na economia globalizada: UE, NAFTA e APEC.

a) União Européia – Processo de formação: CECA (fundada em 195l, associando-se o Benelux, Alemanha e França, abafando os nacionalismos e rivalidade franco-germânica pois reuniu áreas siderúrgicas alemãs - Sarre e Ruhr - com as francesas da Alsácia e Lorena). 1957: Tratado de Roma- MCE ou CEE, formando a Europa dos Seis (o mesmo número da CECA), dos Nove (em 1973, incluindo Irlanda, Reino Unido e Dinamarca), dos Dez (198l: Grécia), dos Doze (1986: Espanha e Portugal). Hoje existe a União Européia.
Em 1992, pelo Tratado de Maastrich, criou-se a UE com objetivos de integrar a AELC (mercado comum da Europa Setentrional); de criar o euro- moeda única a partir de 1999; de instituir um Parlamento Europeu e de integrar o Quadrilátero de Visegrád (Hungria, Polônia, Rep. Tcheca e Eslovaca) e os países da Europa Oriental, ora em transição do socialismo para o capitalismo. Ao se juntarem a UE com a AELC forma-se o Espaço Econômico Europeu (EEE) chamado pelos EUA de “fortaleza européia” ou “Estados Unidos da Europa” em face de atingirem todas as etapas de integração.
A partir de 1/5/99 o Tratado de Amsterdam começou a vigorar, regulamentando temas referentes à justiça e ao direito na UE, após 19 meses de referendos populares e ratificações de parlamentos de vários países europeus. É mais um reforço no processo de integração européia: em 1993 caíram as últimas taxas alfandegárias, em janeiro de 1999 iniciou-se a união monetária com o euro. Esse tratado determina “o estabelecimento progressivo de uma área de liberdade, segurança e justiça” dentro da UE.

b) NAFTA: aliança desigual - necessidade de concorrer com o bloco europeu. Ainda é uma zona de livre comércio. Problemas: sindicalistas americanos são contra, crise da Bolsa do México em 1995, disparidades de padrão de vida entre os participantes. Indústrias maquiadoras norte-americanas atravessam a fronteira do México em busca de facilidades e de maiores lucros, além de atenderem à expectativa dos EUA de diminuição dos fluxos ilegais de mexicanos (chicanos).
Até 2005 os EUA estão pretendendo organizar a ALCA, representaria um desastre para a América Latina, em especial para Mercosul, pois as disparidades econômicas e sociais são grandes. Exemplos: a escolaridade dos trabalhadores brasileiros é de 6,5 anos, enquanto nos EUA é de 14;os custos de transportes aqui são o dobro do americano em face da carência de infra-estrutura de hidrovias, ferrovias e portos; a geração de energia na América do Sul era de 120 gigawats, 8 vezes menor que a da América do Norte. Se a ALCA fosse constituída hoje as empresas americanas dotadas de mais capital e tecnologia eliminariam as latino-americanas , aumentando o desemprego e sua dependência.

c) Bloco Asiático - Seqüência do processo: 1950- início da recuperação japonesa; a partir de 1960- expansão japonesa para a Ásia (especialmente os “tigres”, que se tornam plataformas de exportação de automóveis, computadores e produtos eletro-eletrônicos); 1967: formação da ASEAN (Brunei, Vietnã, Cingapura e novos tigres- Filipinas, Tailândia, Malásia e Indonésia), transformada em zona de livre comércio em 1992.
Em 1989, criou-se APEC que incluiu a ASEAN, os países do NAFTA, o Chile, Austrália, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné. É uma zona de livre comércio, onde se defrontam interesses japoneses e americanos. Na Tailândia e Indonésia iniciou-se a crise asiática. Segundo Robert Kurz (na FSP de 2/11/97) o “século do Pacífico” esgotou-se com esta crise (a partir de outubro de 97) , cujas raízes estão no próprio modelo de desenvolvimento japonês (superávits no comércio exterior c/ EUA) e na presença maciça de capitais especulativos na região.








EXERCICIO


1. Os acordos econômicos elaborados entre os membros integrantes de grandes blocos tem intensificado as relações econômicas internacionais. Existem blocos econômicos em estágio avançado de integração, porem existem outros em que apenas funciona a livre circulação de mercadorias. A organização econômica deste tipo é:
a) APEC (Associação para cooperação da Ásia e do Pacifico)
b) MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul)
c) UE (União Européia)
d) NAFTA (Acordo de Livre Comércio Norte Americano)

2. (FGV-SP) Constitui uma das conseqüências ou “efeitos colaterais” do processo de globalização recente:

a) A desconcentração de renda, favorecidas pela integração econômica entre os países do mundo.
b) A queda significativa da economia dos países do chamado G-8, na ultima década.
c) A expressiva diminuição do número de pessoas pobres, que vivem com até um dólar por dia
d) Aumento do desemprego e do mercado informal, em função da modernização dos meios de produção.

3. Com relação aos fluxos de informação leia os textos :
“Mais da metade do gênero humano jamais discou um número de telefone. Há mais linhas telefônicas em Manhattan do que em toda a África, ao sul do Saara”.
“ Nos Estados Unidos, os brancos representam 88,6% dos utilizadores da internet e os negros, 1,3% embora correspondam a 12% da população”.

Considerando os textos, assinale a alternativa correta:
a) O nível de vida das populações e o grau de desenvolvimento tecnológico dos países explicam a desigual distribuição da rede de internet.
b) A cibercultura é universal e constitui um instrumento de massificação e construção de uma consciência de cidadania entre os povos dos países subdesenvolvidos..
c) O centro mundial de fornecimento de serviços da rede de internet são os EUA, devido à grande quantidade de telefones disponíveis.
d) Os custos da conexão virtual são mais elevados nos países ricos do que nos países pobres, o que explica a desigual distribuição.

4. Com relação ao WELFARE STATE marque a alternativa correta:

a) É um organismo que funciona na área de assistência social dos países desenvolvidos, garante ao trabalhador acesso a bens como automóveis, computadores e casas.
b) Atualmente é um órgão que enfrenta problemas, pois as grandes empresas, que através de impostos garantem seu funcionamento, estão transferindo seus complexos industriais para países subdesenvolvidos.
c) Trata-se de uma rede de proteção social que atua nos países Africanos e da América Latina, garantindo uma certa melhoria na qualidade de vida da maior parte da população.
d) Seu funcionamento esta associado a conquistas sociais de trabalhadores americanos e europeus, face às novas tendências do processo de globalização, que Buscam a melhoria da vida do trabalhador.

5. (Fuvest-SP) “A terra, o subsolo, as águas, as florestas, as fabricas, as minas de carvão e de minérios, as estradas de ferro, os transportes por terra e por água, os bancos, as grandes empresas agrícolas organizadas pelo Estado, assim como as empresas municipais e a massa fundamental das habitações nas cidades e as aglomerações industriais são propriedades do Estado, quer dizer, de todo o povo”
Até 1991, o texto acima poderia traduzir uma determinação da constituição:

a) do Brasil
b) da República Federal Alemã
c) da União Soviética
d) dos Estados Unidos

6. (FEI-SP) Durante os anos 60, americanos e russos disputavam a primazia na conquista espacial, num mundo que estava dividido em áreas de influencia capitalista ou socialista. Esse período, situado entre o fim da Segunda Guerra Mundial e derrubada do muro de Berlim e a recente desagregação da URSS, é conhecido como:

a) Neocolonialismo
b) Capitalismo Selvagem
c) Guerra Fria
d) Comunismo de Estado

7. O bloco “europeu ocidental” é, dentro da nova ordenação mundial em blocos de poder e grandes organizações econômicas, aqueles que se apresenta como o mais avançado, ou pelo menos, o único que expressa uma união política explicita (embora ainda não consolidada) entre vários Estados-nações. Esta estratégia em consolidação no espaço europeu pode, quem sabe, constituir o caso mas avançado de uma nova forma de viabilizar e fortalecer o capitalismo à escala internacional.
- O “bloco europeu ocidental” a que se refere o texto é:

a) União Européia
b) North American Free Trade Agreement (Nafta)
c) Benelux
d) Associação Européia de Livre Comércio (Aelc)

8. (Enem) Um dos fenômenos mais discutidos e polêmicos da atualidade é a globalização, a qual impacta de forma negativa:
a) Na mão-de-obra desqualificada, desacelerando o fluxo migratório
b) Nos países subdesenvolvidos, aumentando o crescimento populacional.
c) No desenvolvimento econômico dos países desenvolvidos industrializados
d) Nos países subdesenvolvidos, provocando o desemprego e a exclusão social.

9. Podemos destacar como sendo inovações tecnológicas que ocorreram com a globalização, exceto:

a) Jatos supersônicos que percorrem longas distâncias em curto espaço de tempo
b) O acesso a internet, rede mundial de computadores que conecta milhares de pessoas em tempo real.
c) A telefonia móvel celular.
d) As caravelas que percorrem longas distâncias

10. Com relação à formação dos grandes blocos econômicos podemos afirmar que:

a) Tem o objetivo de proteger a economia dos países membros, assim como aumentar o PIB dos países mais pobres que participam do bloco.
b) Extinguir gradativamente os impostos e a livre entrada de pessoas, como já ocorre no NAFTA e na APEC.
c) Extinguir gradativamente as barreiras alfandegárias entre os países membros e aumentar os fluxos de mercadorias entre os países.
d) Proteger os mercados dos países membros, com medidas de protecionismo, como a diminuição das tarifas de importação e exportação.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SUBDESENVOLVIMENTO

Resumo: neste tutorial mostraremos porque alguns países começaram a ser chamados de países subdesenvolvidos. E como hoje é feita a divisão internacional do trabalho entre esses países e os desenvolvidos.

Países em desenvolvimento

Guerras e guerrilhas de libertação nacional varreram a África e a Ásia na década de 40 a 60. Surgiram como conseqüência, muitos Estados Novos. O mundo passou a enxergar a desigualdade que existe entre os Estados.

A ONU (Organização das Nações Unidas) faz estatísticas e avaliações que demonstram que a maioria das pessoas que faziam parte das ex-colônias tem em padrão de vida inferior ao que é considerado digno, e que a economia de seus países é bem inferior do que a de suas ex-metrópoles. Esses novos Estados asiáticos e africanos, e também latino-americanos, independentes desde o século XIX, tem graves problemas na economia, na estrutura social e política. Continuam essencialmente exportadores de matérias-primas e alimentos a preços baixos. Portanto, esses países tem uma economia frágil. Existe uma grande desigualdade social nesses países. Com isso a maioria da população vive em péssimas condições, pode ser visto facilmente se compararmos com países desenvolvidos.

A essa situação real, os especialistas chamam de subdesenvolvimento, que inclui quatro quintos da população mundial. Alguns acham mais correto dizer países não-desenvolvidos.

Essa classificação, países subdesenvolvidos, divide cerca de duzentos países em dois grupos. Essa classificação passa uma idéia de que o subdesenvolvimento é um estágio para o desenvolvimento. O subdesenvolvimento e desenvolvimento são realidades resultantes do processo do capitalismo. Com a exploração colonialista e imperialista houve uma transferência de riquezas das colônias para as metrópoles. Ou seja, hoje os países desenvolvidos eram as os que exploravam e recebiam riquezas das colônias no passado. O capitalismo da mesma forma que gerou desigualdades dentro de cada país, gerou desigualdades entre os países. Com isso podemos dizer que para haver uma inversão nisso tudo, ou seja, os países que hoje são classificados como subdesenvolvidos serem desenvolvidos, deveríamos voltar o tempo e fazer tudo ao contrário. Mas acabaria dando no mesmo, pois para um país crescer ele deve explorar outro.

Ainda é possível que um outro país subdesenvolvido consiga se desenvolver. Coréia do Sul e Cingapura são um exemplo disso. Daí muitas é preferível a denominação não-desenvolvidos, que nos transmite melhor a idéia de que são países que não estão indo para o desenvolvimento.

O mundo todo desenvolvido não é só impossível por razões econômicas, mas também por fatores ambientais. Simplesmente podemos dizer que, do ponto de vista ecológico, o padrão de desenvolvimento que há nos países ditos desenvolvidos é insustentável.

Alguns países porem, como o Brasil e a Índia, são em vários aspectos (produção industrial, disponibilidade de recursos naturais, potencial de mercado interno, como exemplo) mais ricos que alguns países ditos desenvolvidos.

Os países do Golfo Pérsico que são produtores de petróleo, possuem rendas per capita que estão entre as mais altas do mundo. Entretanto, a sua riqueza está concentrada na minoria da população, por isso não podem ser considerados países desenvolvidos. O Brasil, que também possui uma renda média alta, possui uma das piores distribuições do mundo, por isso é considerado um país subdesenvolvido.

Sendo assim, para se analisar o índice de desenvolvimento de um país e a qualidade de vida da população é necessário além dos indicadores econômicas, os indicadores sociais (expectativa de vida, analfabetismo, etc.) e os indicadores políticos. A ONU tem levantado o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de quase todos os países, tendo um relatório mais preciso da qualidade de vida das populações.

Este gráfico mostra claramente a situação do mundo.

Não se deve falar apenas do antagonismo entre os países ricos e pobres, mas também dos problemas internos de cada país, que contribui em muito para os países subdesenvolvidos continuarem como estão.

Nos países subdesenvolvidos, o Estado deixa de fazer muitas de suas atribuições básicas para satisfazer os desejos da classe social ou grupo étnico dominante.

Nos países desenvolvidos é comum a ajuda do Estado, com incentivo fiscais, concessão de subsídios aos mais diversos grupos econômicos ligados ao poder. Essa situação foi mais para gerar lucros a setores de empresariados nacionais, até mesmo multinacional, do que para gerar crescimento econômico. Essas medidas são prejudiciais pois prejudicam o mercado consumidor, que paga mais caro por produtos e serviços que nem sempre são de boa qualidade.

Um exemplo é o da industria automobilística. Empresas estrangeiras, que estão protegidas por altas tarifas de importação, venderam ao Brasil, durante muitos anos, automóveis de qualidade inferior e bem mais caros, do que os carros produzidos pelas mesmas empresas nos Estados Unidos e Europa.

O desvio das funções do Estado, junto com a impunidade e o desrespeito ao povo acabam gerando, nos países subdesenvolvidos, outro problema: a corrupção. Embora também exista nos países mais ricos, é mais forte e atuante nos países em desenvolvimento, um problema que consome muitos recursos que poderiam ser usados para combater as crises sociais.

A dívida externa é outro problema que aflige esses países. Na maioria dos casos as dívidas foram contraídas por regimes ditatoriais. O dinheiro. Quando não foi usado para enriquecer membros do governo, que possuem contas em outros países, foi utilizado para realizar obras caras e duvidosas. Porém no momento de se pagar o juros dessa dívida, cara recai sobre toda a sociedade. As camadas mais pobres são as que mais sofrem com essa carga, pois quase em nada se beneficiam dos empréstimos.

Assim, só culpar as históricas dominações estrangeiras não esclarece muito a situação em que a maioria da população vive nos países subdesenvolvidos. Não podemos esquecer, do choque de interesses que existe em cada país, e os conflitos entre as classes.

Os indivíduos que tem o poder nos países subdesenvolvidos, formando as elites nacionais, fingem não ver a situação do país e se beneficiam dela. Geralmente a parte da burguesia local que controla os setores mais dinâmicas da economia, está associada aos grupos transnacionais.

Um outro problema bem sério, são os conflitos étnicos e religiosos, que prejudicam ainda mais a economia e agravam a pobreza e fome. É comum gastar muito dinheiro na compra de armas para os conflitos, enquanto milhares de pessoas passam necessidade.

Pode-se concluir que o problema do subdesenvolvimento é um fenômeno complexo, criado por causas externas e internas aos países, sendo difícil se dar uma explicação simples.

Divisão Internacional do Trabalho

Após a Segunda Guerra Mundial, a economia mundial voltou a crescer num ritmo mais acelerado do que antes. Dentro dessa nova paisagem de prosperidade surgiram as empresas chamadas de multinacionais ou transnacionais. Elas assumiram grandes proporções, formaram conglomerados que se espalharam pelo mundo, até em países subdesenvolvidos e recém-independentes, como a África do Sul. Essas empresas passaram a atuar no final do século XIX e meados do século XX.

Mas porque essas empresas atuam fora dos limites de seus países de origem?

Porque querem melhores negócios, maior renda para o capital, maior lucratividade. Isso é que explica o fato de alguns países terem se industrializado nesse período.

Os países subdesenvolvidos permitem boa lucratividade a essas empresas devido a fatores como:

» Mão-de-obra abundante e barata;

» Fontes de matéria-prima e energia estão disponíveis a baixo custo;

» Mercado interno em crescimento;

» Facilidades de exportação e remessa de lucros para as sedes no exterior;

» Incentivo fiscais e subsídios governamentais;

» Ausência de legislação de proteção ao meio ambiente, ou facilidade em busca-la.

Esses fatores contribuem muito para a alocação de investimento no exterior.

Essas vantagens não são encontradas em todos os países e nem todas juntas no mesmo país.

Assim nem todos os países se industrializam. Muitos deles começaram a ser exportadores de produtos industrializados aos poucos deixaram de serem apenas exportadores de matéria-prima. Mas, pelo menos no momento, não é possível classifica-los como países desenvolvidos. Estão incluídos numa nova divisão internacional de trabalho (DIT).

No capitalismo financeiro a DIT funciona da seguinte forma:

A industrialização que ocorreu nesses países, foi dependente de capitais e tecnologias do exterior. É um processo de industrialização desigual as dos países desenvolvidos, sendo esse processo comandado por interesse externo.

Pode-se dizer que o processo é desigual ao país desenvolvidos, porque os tipos de industria e tecnologia empregada é inferior aos da matriz. Nos países subdesenvolvidos tendem-se a se instalar industrias poluidoras, que consomem grandes quantidades de matéria-prima e energia, e que necessitam de muita mão-de-obra. Isso faz com que ocorra uma mudança na organização industrial do mundo. Nos países desenvolvidos ficam industrias não-poluentes, de alta tecnologia, e nos países subdesenvolvidos industrializados, as industrias que tem um patamar tecnológico inferior.

Esse modelo de industrialização é complementar porque garante o acúmulo de capitais no mundo desenvolvido.

NICs (Newry Industrialized Countries) são os países que se industrializaram seguindo este modelo, países recentemente industrializados. Como exemplo, alguns países que fazem parte deste grupo: Brasil, Argentina, México, China, África do Sul. Também os chamados tigres asiáticos: Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Malásia, Tailândia e Indonésia.

A Coréia do Sul, em 1996, ingressou na Organização de Cooperação e Desenvolvimento econômico. O país mesmo tendo sofrido com a crise que atingiu a Ásia em 1997, continua crescendo, graças ao investimento em educação, pesquisa e desenvolvimento, e de um grande esforço do Estado, junto das empresas e sociedade para romper o atraso e a dependência tecnológica. O exemplo sul-coreano, no entanto, é uma exceção e não uma regra.

Exercício

Responda:

1) Descreva situação dos novos Estados asiáticos, africanos e latino-americanos.

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2) A classificação subdesenvolvimento passa que idéia?

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3) Por que alguns especialistas preferem o termo país não-desenvolvido?

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4) O fato de um país ter uma alta renda per capita, pode classifica-lo como país desenvolvido? Por que?

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5) O que é preciso para se analisar o índice de desenvolvimento de um país?

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6) Por que muitas empresas preferem atuar em países subdesenvolvidos?

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