Texto para alunos do Convênio DM tarde.
Mundo
Pós-Guerra Fria:
Na
época da Guerra Fria, o poder das armas valia mais que o poder do
dinheiro. O cenário mundial estruturava-se em torno das grandes
potências termonucleares. O ocidente - essa expressão geopolítica
que abarca os Estados de economia de mercado, tanto ocidentais como
orientais - organizava-se em torno da hegemonia dos Estados Unidos,
cuja liderança militar formava par com o seu incontrastável poderio
econômico. O fim da Guerra Fria embaralhou as cartas do jogo
planetário. A dissolução do bloco soviético, uma aparente vitória
da superpotência da América do Norte, descortinou realidades novas,
que prefiguram o próximo século. O poder mundial tende a se
concentrar em macroáreas do hemisfério norte que aglutinam a
riqueza e a capacidade de inovação tecnológica. A economia mundial
globalizava-se e, simultaneamente, fragmentava-se em blocos
regionais. A partilha do mercado mundial envolve as estratégias das
grandes corporações econômicas e as políticas externas dos
Estados. A geometria de poder mundial em rearranjo faz emergirem
megablocos econômicos regionais, como a União Européia, o Nafta e
a Bacia do Pacífico. Esse movimento de integração e abertura de
mercados repercute sobre áreas do mundo subdesenvolvido, assumindo
formas e expressões variadas. O México integra-se ao bloco
comercial liderado pelos EUA; os novos países industrializados do
leste asiático estreitam seus laços com o Japão; os antigos
satélites da ex- União Soviética no leste europeu reestruturam as
suas economias à sombra da Alemanha unificada.
2.
ORDEM MUNDIAL DA GUERRA FRIA
2.1
- Quadro Resumo
Marco
Inicial (1947) – Doutrina Truman
|
Marco
Final (1989) – Queda do Muro de Berlim
|
Geopolítica
– Bipolar
|
Poder
Político – Militar
|
Potências
– EUA x URSS
|
Oposição
– Capitalismo (países ocidentais ou do leste) x Socialismo
(países orientais ou do oeste)
|
Corrida
Armamentista
|
Cenário
Principal – Europa
|
País
síntese – Alemanha
|
Cidade
síntese – Berlim
|
Construção
do Muro de Berlim – evitar a passagem de mão-de-obra de Berlim
oriental socialista para Berlim ocidental capitalista
|
Criação
de Planos Econômicos pelos EUA: Marshall (Europa Ocidental) e
Colombo (Ásia – principalmente para o Japão) – recuperação
econ6omica para conter o avanço do socialismo
|
Bipartição
do espaço europeu: Europa ocidental capitalista x Europa
oriental socialista
|
"Cortina
de Ferro" – Fronteira entre capitalismo x socialismo na
Europa
|
Descolonização
afro-asiática – a Europa perde as suas colônias
|
Nacionalismo
Emancipador – as colônias passa a ser nações
|
Aumento
da situação de subdesenvolvimento
|
Conferência
de Bandung – reunião das ex-col6onias africanas e asiáticas.
Movimento dos países não alinhados – 3º mundo –
eqüidistância das grandes potências (EUA e URSS)
|
Neocolonialismo:
dominação econômica, financeira e tecnológica
|
Criação
de organizações econômicas: MCE (Mercado Comum Europeu) ou CEE
(Comunidade Econ6omica Européia) x COMECON
|
Criação
de organizações político – militares: OTAN x PACTO DE
VARSÓVIA
|
2.2
– A Crise Soviética
A
URSS era um país socialista localizado na Europa e na Ásia, que era
constituído por 15 repúblicas, onde a maior e mais importante era a
Rússia (onde fica a capital do país – a cidade de Moscou). A
crise da URSS assinalou a crise no socialismo, a queda do Muro de
Berlim, o fim da Guerra e conseqüentemente a passagem de um mundo
bipolar para multipolar (pós – Guerra Fria). Em 1985, Mikhail
Gorbatchev assume o governo soviético e estabelece mudanças, como a
Glasnost (abertura política) e a Perestroika (reestruturação
econômica), porém não teve sucesso devido à diversidade étnica e
a oposição dos burocratas. A crise soviética provocou grande crise
no socialismo do leste europeu, o que acabou causando a queda do Muro
de Berlim e o fim da Guerra Fria.
2.2.1
– Fragmentação da URSS
Esta
começa em Setembro de 1991 com a independência das Repúblicas
Bálticas (Lituânia, Letônia e Estônia). Após este acontecimento
a URSS passou a ser formada por 12 repúblicas. Em 08 de Dezembro de
1991, foi assinado o Acordo de Minsk por Rússia, Ucrânia e
Bielorússia (Bielorus) formado a CEI (Comunidade dos Estados
Independentes). Em 14 de Dezembro de 1991 teve a adesão de 8 países.
A CEI não funciona como país, pois é formada por países -
membros, que têm leis e nacionalidade próprias.
2.3
– Queda do Muro de Berlim e Reunificação Alemã
No
pós – 2º guerra, o território da Alemanha foi dividido em 2
partes: Alemanha ocidental – ocupada por EUA, França e Grã
Bretanha (Capitalista) e Alemanha oriental – ocupada por URSS
(Socialista). A queda do Muro de Berlim (Novembro/89) foi o marco
inicial da reunificação alemã, em Outubro de 1990. Agora, temos um
país capitalista, cuja capital é Berlim. A queda do Muro de Berlim
estabelece o fim da Guerra (fim do mundo bipolar), abrindo espaço
para o início do mundo multipolar, com a formação de blocos
econômicos.
3.
ORDEM MUNDIAL PÓS-GUERRA FRIA
3.1
– Quadro Resumo: Geopolítica da Multipolaridade
Forma
de Poder: Econômico – Tecnológico – Comercial
|
Oposição:
Países do Norte Ricos x Países do Sul Pobres
|
Potências:
EUA, Japão e Alemanha
|
Formação
dos Megablocos econômicos: União Européia, Nafta e Bloco
Oriental
|
Revigoramento:
Neoliberalismo e do Neocolonialismo (separatista)
|
Tendências
no Mercado: Regionalização e Globalização (mundialização)
|
Problemas:
Xenofobia e racismo, fundamentalismo, questão ecológica,
monopólio tecnológico com instrumento de dominação dos países
do norte, narcotráfico e fome
|
3.2
– Multipolaridade: A nova ordem mundial é marcada não mais
pelo poder das armas, mas pelo poder do dinheiro, as relações
econômicas estão mais intensas e não estão mias apoiadas em dois
pólos, mas sobre os megablocos econômicos e geopolíticos.
Serão
citadas algumas mudanças com o aparecimento dessa ordem multipolar:
Neoliberalismo:
Surgiu como doutrina econômica sistematizada no final da década de
1930. Os princípios defendidos por seus teóricos são basicamente
os mesmos do liberalismo, diferindo apenas naquilo que a nova
realidade do capitalismo impõe. A supressão de livre –
concorrência, determinada pela formação dos monopólios,
oligopólios, trustes, etc. trouxe à baila a necessidade de
intervenção do Estado na economia. Para os neoliberais, portanto,
os mecanismos de mercado são capazes de organizar a vida econômica,
política e social, desde de que sob a ação disciplinadora do
Estado. Na prática do Estado neoliberal há uma redução dos gastos
públicos em educação, saúde e habitação, enfim, seguridade
social.
Globalização:
É a mundialização do capitalismo, onde a competição e a
competitividade entre as empresas tornaram-se questões de
sobrevivência. A globalização pode ser resumida em duas
características: internacionalização da produção e das finanças
e o Estado passa de protetor de economias nacionais é provedor do
bem-estar social, a adaptar-se à economia mundial ou às
transformações do mundo que ela própria e a exaltação do livre
mercado provocam.
Regionalização:
Na época da Guerra Fria tudo girava entre dois pólos, ou duas
potências, EUA e URSS, com a nova ordem internacional o eixo
econômico passou a ser outros países que se estruturaram em
megablocos, a economia ficou em regiões, em blocos.
- UNIÃO EUROPÉIA – Europa
- NAFTA – (Acordo de livre comércio da América do Norte) – América do Norte + México
- BLOCO ORIENTAL
- MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) – América do Sul
- ALCA (Área de livre comércio das Américas) – América (Todas)
- APEC (Ásia – Pacífico)
Tigres
Asiáticos: São formados por 3 países (Coréia do Sul, Formosa
ou Taiwan e Singapura) e uma ex-possessão britânica (Hong – Kong:
devolvida em 1997 para China Popular)
China
Popular: Teve abertura econômica (capitalismo), mas não
política. Assim poderá ser a potência das próximas décadas.
Xenofobia:
Quando a economia dos países desenvolvidos estava em expansão, a
presença da mão-de-obra do imigrante era bem vinda. Porém, diante
da recente recessão, os trabalhadores imigrantes passaram a
concorrer pelo mercado de trabalho com os trabalhadores locais, o que
provocou uma aversão ao estrangeiro (xenofobia).
Neo
– Nacionalismo: Separatista
Com
todo esse avanço há povos que querem se separa de seus países
dentre alguns temos:
- Quebec – Canadá
- País Basco – Espanha / França
- Caxemira – Índia / Paquistão
- Tchetchênia – Rússia
- Kosovo – Iugoslávia
- Tibete – China Popular
- Curdos – Turquia, Iraque, Irã, Síria e outros
- Daguestão – Rússia
Países
Emergentes
Grupo
de país subdesenvolvidos favoráveis aos investimentos estrangeiros.
Ex.: Brasil, México, Argentina, China e África do Sul.
Fundamentalismo
Ato
de seguir fielmente as diretrizes impostas pelas potências;
utilizando aqui no sentido de fazer política usando a religião como
instrumento. Ex.: grupos islâmicos extremistas, principalmente no
Oriente Médio e na Argélia (GIA – Grupo Islâmico Armado).
A
Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico –
Científica
A
ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à atividade
industrial e às outras atividades econômicas: agricultura,
pecuária, serviços. É um componente fundamental, pois, para as
empresas, o desenvolvimento científico e tecnológico é revertido
em novos produtos e em redução de custos. Permitindo a elas maior
capacidade de competição num mercado cada vez mais disputado. A
microeletrônica, o microcomputador, o software, a telemática, a
robótica, a engenharia genética e os semicondutores são alguns
símbolos dessa nova etapa. A Revolução técnico – científica,
movida pela produtividade, ao mesmo, tempo em que pode gerar mais
riquezas e ampliar as taxas de lucros, é também responsável pelo
emprego de centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.
GLOBALIZAÇÃO:
A NOVA ORDEM MUNDIAL
Com
o fim da oposição capitalismo X socialismo, o mundo se defrontou
com uma realidade marcada pela existência de um único sistema
político-econômico, o capitalismo. Exceto por Cuba, China e Coréia
do Sul, que ainda apresentam suas economias fundamentadas no
socialismo, o capitalismo é o sistema mundial desde o início da
década de 90.
À
fragmentação do socialismo somaram-se as profundas transformações
que já vinham afetando as principais economias capitalistas desde a
segunda metade do séc. XX, resultando na chamada nova
ordem mundial.
As
origens dessa nova ordem estão no período imediatamente posterior à
Segunda Guerra Mundial, no momento em que os Estados Unidos assumiram
a supremacia do sistema capitalista. A supremacia dos EUA se
fundamentava no segredo da arma nuclear, no uso do dólar como padrão
monetário internacional, na capacidade de financiar a reconstrução
dos países destruídos com a guerra e na ampliação dos
investimentos das empresas transnacionais nos países
subdesenvolvidos.
Durante
a Segunda Guerra, os EUA atravessaram um período de crescimento
econômico acelerado. Assim, quando o conflito terminou, sua economia
estava dinamizada, e esse país assumia o papel de maior credor do
mundo capitalista. Além disso, a conferência de Bretton Woods, que
em 1944 estabeleceu as regras da economia mundial, determinou que o
dólar substituiria o ouro como padrão monetário internacional.
Os
EUA também financiaram a reconstrução da economia japonesa,
visando criar um pólo capitalista desenvolvido na Ásia e, desse
modo, também impedir o avançado socialismo no continente.
A
ascensão da economia japonesa foi acompanhada de uma expansão
econômica e financeira do país em direção aos seus vizinhos da
Ásia, originando uma região de forte dinamismo econômico.
Aceleração
econômica e tecnológica
A
tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial estabeleceu
um novo padrão de desenvolvimento tecnológico, que levou à
modernização e a posterior automatização da indústria. Com a
automatização industrial, aceleraram-se os processos de fabricação,
o que permitiu grande aumento e diversificação da produção.
O
acelerado desenvolvimento tecnológico tornou o espaço cada vez mais
artificializado, principalmente naqueles países onde o atrelamento
da ciência à técnica era maior. A retração do meio natural e a
expansão do meio técnico-científico mostraram-se como uma faceta
do processo em curso, na medida que tal expansão foi assumida como
modelo de desenvolvimento em praticamente todos os países.
Favorecidas
pelo desenvolvimento tecnológico, particularmente a automatização
da indústria, a informatização dos escritórios e a rapidez nos
transportes e comunicações, as relações econômicas também se
aceleraram, de modo que o capitalismo ingressou numa fase de grande
desenvolvimento. A competição por mercados consumidores, por sua
vez, estimulou ainda mais o avanço da tecnologia e o aumento da
produção industrial, principalmente nos Estados Unidos, no Japão,
nos países da União européia e nos novos países industrializados
(NPI’s) originários do “mundo subdesenvolvido” da Ásia.
A
internacionalização do capital
Desde
que surgiu, e devido à sua essência - produzir para o mercado,
objetivando o lucro e, consequentemente, a acumulação da riqueza -
o capitalismo sempre tendeu à internacionalização, ou seja, à
incorporação do maior número possível de povos ou nações ao
espaço sob o seu domínio.
No
princípio, a Divisão Internacional do Trabalho funcionava através
do chamado pacto colonial, segundo o qual a atividade industrial era
privilégio das metrópoles que vendiam seus produtos às colônias.
Agora,
para escapar dos pesados encargos sociais e do pagamento dos altos
salários conquistados pelos trabalhadores de seus países, as
grandes empresas industriais dos países desenvolvidos optaram pela
estratégia de, em vez de apenas continuarem exportando seus
produtos, também produzi-los nos países subdesenvolvidos, até
então importadores dos produtos industrializados que consumiam.
Dessa maneira, barateando custos, graças ao emprego de mão-de-obra
bem mais barata, menos encargos sociais, incentivos fiscais etc., e,
assim, mantendo , ou até aumentando, lucros, puderam praticar altas
taxas de investimento e acumulação.
Grandes
empresas de países desenvolvidos, também conhecidas como
corporações, instalaram filiais em países subdesenvolvidos, onde
passaram a produzir um elenco cada vez maior de produtos.
Por
produzirem seus diferentes produtos em muitos países, tais empresas
ficaram consagradas como multinacionais. Nesse contexto, opera-se
pois, uma profunda alteração na divisão internacional do trabalho,
porquanto muitos países deixam de ser apenas fornecedores de
alimentos e matérias-primas para o mercado internacional para se
tornarem produtores e até exportadores de produtos industrializados.
O Brasil é um bom exemplo.
A
globalização
Nos
anos 80, a maior parte da riqueza mundial pertencia às grandes
corporações internacionais. Pôr outro lado, os Estados
desenvolvidos revelaram finanças arruinadas, depois de se mostrarem
incapazes de continuar atendendo às onerosas demandas da sua
população: aposentadoria, amparo à velhice, assistência médica,
salário-desemprego, etc. Com o esgotamento do Estado do bem-estar
Social (Welfare state), o neoliberalismo ganhou prestigio e força.
Agora,
a lucratividade tem de ser obtida mediante vantagens sobre a
concorrência, para o que é necessário oferecer ao mercado produtos
mais baratos, preferentemente de melhor qualidade. Para tanto, urge
reduzir custos de produção.
Então,
os avanços tecnológicos, particularmente nos transportes e
comunicações, permitiram que as grandes corporações adotassem um
novo procedimento - a estratégia global de fabricação - que
consiste em decompor o processo produtivo e dispersar suas etapas em
escala mundial, cada qual em busca de menores custos operacionais. A
produção deixa de ser local para ser mundial, o que também ocorre
com o consumo, uma vez que os mesmos produtos são oferecidos à
venda nos mais diversos recantos do planeta. Os fluxos econômicos se
intensificam extraordinariamente, promovidos sobretudo pelas grandes
empresas, agora chamadas de transnacionais. A divisão internacional
do trabalho fica subvertida, pois torna-se difícil identificar o
lugar em que determinado artigo industrial foi produzido.
Após
a derrocada do socialismo, a internacionalização do capitalismo
atinge praticamente todo o planeta e se intensifica a tal ponto que
merece uma denominação especial - globalização
-, marcada basicamente pela mundialização da produção, da
circulação e do consumo, vale dizer, de todo o ciclo de reprodução
do capital. Nessas condições, a eliminação de barreiras entre as
nações torna-se uma necessidade, a fim de que o capital possa fluir
sem obstáculos. Daí o enfraquecimento do Estado, que perde poder
face ao das grandes corporações.
O
“motor” da globalização é a competitividade. Visando à
obtenção de produtos competitivos no mercado, as grandes empresas
financiam ou promovem pesquisa, do que resulta um acelerado avanço
tecnológico. Esse avanço implica informatização de atividades e
automatização da indústria, incluindo até a robotização de
fábricas. Em conseqüência, o desemprego torna-se o maior problema
da atual fase do capitalismo.
Embora
a globalização seja mais intensa na economia, ela também ocorre na
informação, na cultura, na ciência, na política e no espaço. Não
se pode pensar, contudo, que a globalização tende a homogeneizar o
espaço mundial. Ao contrário, ela é seletiva. Assim, enquanto
muitos lugares e grupos de pessoas se globalizam, outros, ficam
excluídos do processo. Por esse motivo, a globalização tende a
tornar o espaço mundial cada vez mais heterogêneo. Além disso, ela
tem provocado uma imensa concentração de riqueza, aumentando as
diferenças entre países e, no interior de cada um deles, entre
classes e segmentos sociais.
De
qualquer modo, para se entender melhor o espaço de hoje, com as
profundas alterações causadas pela globalização, é preciso ter
presente alguns conceitos essenciais:
FÁBRICA
GLOBAL - A expressão indica que a
produção e o consumo se mundializaram de tal forma que cada etapa
do processo produtivo é desenvolvida em um país diferente, de
acordo com as vantagens e as possibilidades de lucro que oferece.
ALDEIA
GLOBAL - Essa expressão reflete a
existência de uma comunidade mundial integrada pela grande
possibilidade de comunicação e informação. Com os diferentes
sistemas de comunicação, uma pessoa pode acompanhar os
acontecimentos de qualquer parte do mundo no exato momento em que
ocorrem. Uma só imagem é transmitida para o mundo todo, uma só
visão. Os avanço possibilitam a criação de uma opinião pública
mundial. Nesse contexto de massificação da informação é que
surgiu a IINTERNET, uma rede mundial de comunicação por computador
que liga a quase totalidade dos países. Estima-se que, hoje, mais de
100 milhões de pessoas estejam se comunicando pela Internet. Esse
sistema permite troca de informações, com a transferência de
arquivos de som, imagem e texto. É possível conversar por escrito
ou de viva voz, mandar fotos e até fazer compras em qualquer país
conectado.
ECONOMIA
MUNDO - Ao se difundir mundialmente,
as empresas transnacionais romperam as fronteiras nacionais e
estabeleceram uma relação de interdependência econômica com
raízes muito profundas, inaugurando a chamada economia mundo.
INTERDEPENDÊNCIA
- No sistema globalizado, os conceitos de conceitos descritos
anteriormente envolvem a interdependência. Os países são
dependentes uns dos outros, pois os governos nacionais não conseguem
resolver individualmente seus principais problemas econômicos,
sociais ou ambientais.
As
novas questões relacionadas com a economia globalizada fazem parte
de um contexto mundial, refletem os grandes problemas internacionais,
e as soluções dependem de medidas que devem ser tomadas por um
grande conjunto de países.
PAÍSES
EMERGENTES - Alguns países, mesmo
que subdesenvolvidos, são industrializados ou estão em fase de
industrialização; por isso, oferecem boas oportunidades para
investimentos internacionais. Entre os países
emergentes destacam-se a China, a
Rússia e o Brasil. Para os grandes investidores, esse grupo
representa um atraente mercado consumidor, devido ao volume de sua
população. Apesar disso, são países que oferecem grandes riscos,
se for considerada sua instabilidade econômica ou política.
Com
o objetivo de construir uma imagem atraente aos investidores, os
países emergentes tentam se adequar aos padrões da economia global.
Para isso, têm sempre em vista os critérios utilizados
internacionalmente por quem pretende selecionar um país para receber
investimentos:
-
cultura compatível com o desenvolvimento capitalista;
-
governo que administra bem os seus gastos;
-
disponibilidade de recursos para crescer sem inflação e sem
depender excessivamente de recursos externos;
-
estímulo às empresas nacionais para aprimorarem sua produção;
-
custo da mão-de-obra adequado à competição internacional;
-
existência de investimentos para educar a população e reciclar os
trabalhadores.
Regionalização:
uma face da globalização
Aos
agentes da globalização – as grandes corporações internacionais
– interessa a eliminação das fronteiras nacionais, mais
precisamente a remoção de qualquer entrave à livre circulação
do capital. Por outro lado, ao Estado interessa defender a
nacionalidade, cujo sentimento não desaparece facilmente junto à
população; em muitos casos, inclusive, ele permanece forte. Por
isso, embora enfraquecidos diante do poder do grande capital privado,
os Estados resistem à idéia de perda do poder político sobre o
seu território.
Os
resultados desse jogo de interesses, face à acirrada competição
internacional, é a formação de blocos, cada qual reunindo um
conjunto de países, em geral, vizinhos ou próximos
territorialmente. Os blocos ou alianças, constituídos por acordos
ou tratados, representam pois uma forma conciliatória de atender aos
interesses tanto dos países quanto da economia mundo.
A
formação de blocos econômicos significa uma forma de
regionalização do espaço mundial
Etapas
da integração econômica
A
integração de economias regionais obtém-se pela aproximação das
políticas econômicas e da pertinente legislação dos países que
fazem parte de uma aliança. Com isso, pretende-se criar um bloco
econômico que possibilite um maior desenvolvimento para todos os
membros da associação. Vejamos a seguir cada etapa do processo:
Primeira
etapa: zona de livre comércio –
criação de uma zona em que as mercadorias provenientes dos países
membros podem circular livremente. Nessa zona, as tarifas
alfandegárias são eliminadas e há flexibilidade nos padrões de
produção, controle sanitário e de fronteiras.
Segunda
etapa: união aduaneira – além da
zona de livre comércio, essa etapa envolve a negociação de tarifas
alfandegárias comuns para o comércio realizado com outros países.
Terceira
etapa: mercado comum – engloba as
duas fases anteriores e acrescenta a livre circulação de pessoa,
serviços e capitais.
Quarta
etapa: união monetária – essa
fase pressupõe a existência de um mercado comum em pleno
funcionamento. Consiste na coordenação das políticas econômicas
dos países membros e na criação de um único banco central para
emitir a moeda que será utilizada por todos.
Quinta
etapa: união política – a união
política engloba todas as anteriores e envolve também a unificação
das políticas de relações internacionais, defesa, segurança
interna e externa.
Os
pólos de poder na economia globalizada
Na
nova ordem mundial, a bipolaridade representada por Estados Unidos e
União Soviética foi substituída pela multipolaridade. Os pólos de
poder econômico são União Européia, Nafta e Apec; os de
importância secundária, Mercosul e Asean.
Apesar
de a economia globalizada ser definida como multipolar, os principais
dados referentes ao desempenho econômico internacional demonstram
que existem três grandes pólos que lideram a economia do mundo: o
bloco americano, o asiático e o europeu, que controlam mais de 80%
dos investimentos mundiais.
O
bloco americano, liderado pelos Estado Unidos, realiza grande parte
de seus negócios na América Latina, sua tradicional área de
influência: o bloco asiático, liderado pelo Japão, faz mais de 50%
de seus investimentos no leste e no sudeste da Ásia: e a União
européia concentra dois terços de sua atuação econômica nos
países do leste europeu.
Pode-se
observar, portanto, que a economia globalizada é, na verdade,
tripolar. A influência econômica está nas mãos dos países que
representam as sete maiores economias do mundo: Estados unidos,
Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá. Por sua
vez, no interior desses países são principalmente as grandes
empresas transnacionais que têm condições de liderar o mercado
internacional.
Os
blocos econômicos regionais
UNIÃO EUROPÉIA: A
União Européia foi criada pelo Tratado de Roma de 1957, com o nome
de Comunidade Econômica Européia (CEE). Somente em 1994 ela adota o
nome atual. Seus primeiros países membros foram à França, a
Alemanha Ocidental, a Itália, a Bélgica, os Países Baixos e
Luxemburgo (os três últimos que formavam o chamado "BENELUX")
- a Europa dos Seis, que passou a funcionar em 1958. Posteriormente
em 1973, ingressaram o Reino Unido, a Dinamarca e a Irlanda e, na
década de 80, Grécia (1981), Portugal e Espanha (1985). Em 1995,
ingressaram a Áustria, a Finlândia e a Suécia. Nesse ano de 2003
foi informada a entrada de mais dez países (Chipre, Malta, Polônia,
Estônia, Letônia, Lituânia, Hungria, Rep. Tcheca, Eslováquia,
Eslovênia), formando um bloco de 25 países membros.
A União Européia foi
criada após a Segunda guerra mundial, num momento em que os europeus
estavam enfraquecidos econômica e politicamente. Visava, portanto,
recuperar a economia dos países membros, espantando o espectro do
comunismo e, ao mesmo tempo, fazendo frente ao crescente avanço da
influência econômica dos EUA.
Os objetivos da União
Européia, muito abrangentes, foram sendo alcançados gradativamente.
Embora date de julho de 1968 a supressão de tarifas aduaneiras,
continuou existindo uma série de barreiras que impediam a
implantação de um mercado comum propriamente dito. Este só se
delineou verdadeiramente com a assinatura do Ato único em 1986, que
revisou e complementou o Tratado de Roma, ao estabelecer objetivos
precisos para a integração. Estabeleceu o ano de 1993 para o fim de
todas as barreiras à livre circulação de mercadorias, serviços,
capitais e pessoas. Entretanto, apenas os três primeiros itens foram
postos em prática nessa data. Quanto à circulação de pessoas.
Entretanto, apenas os três primeiros itens foram postos em prática
nessa data. Quanto à circulação de pessoas, somente em 1997 entrou
plenamente em vigor o Acervo de Schengen (Luxemburgo), resultado de
dois acordos assinados nessa cidade, em 1985 e em 1990. O acervo, que
previa a supressão gradativa de mecanismos de controle fronteiriço
entre os países signatários, foi colocado em prática a partir da
assinatura do Tratado de Amsterdã, em junho de 1997. Com exceção
do Reino Unido e da Irlanda, os demais países membros do bloco
concordaram em abolir as barreiras para a circulação de pessoas num
prazo de cinco anos, a partir de 1997.
Reunidos na cidadezinha
de Maastricht (Países Baixos), em dezembro de 1991, os países
membros firmaram um novo tratado, em substituição ao de Roma,
definindo os próximos passos para a integração.
Com a assinatura do
Tratado de Maastricht, a CEE mudou seu nome para União Européia(UE),
em 1993, e seus membros decidiram pela implantação da moeda única,
o Euro. A nova moeda está em circulação desde 1º de janeiro de
2002 em 12 países do bloco. Reino Unido, Dinamarca e Suécia não
aderiram a união monetária. O controle monetário e cambial da nova
moeda é exercido pelo Banco Central Europeu, com sede em Frankfurt
(Alemanha).
A UE implantou uma carta
social definindo o direito de cidadania em todos os países membros,
além de uma legislação comum de preservação ambiental. Pretende
também, gradativamente, consolidar um sistema de defesa comum com
base na União da Europa Ocidental (UEO). Essa entidade, criada
também após a Segunda Guerra Mundial - em 1954 - como uma aliança
de assistência mútua exclusivamente européia, sempre viveu à
sombra da OTAN. Com o fim da Guerra Fria, e no âmbito de uma
política de aprofundamento do processo de integração, os europeus
estão empenhados em fortalecer essa entidade, que deverá
constituir-se como força de defesa da EU. Entretanto, para evitar
atritos com os EUA, hegemônicos na OTAN, os europeus estão sendo
bastante cautelosos.
A partir de Maastricht,
houve um gradativo fortalecimento do Parlamento Europeu, sediado em
Estrasburgo (França). Todas as decisões que afetam a UE têm de ser
aprovadas por esse parlamento, que é composto por representantes
(eleitos diretamente) de todos os países da União. O número de
representantes é proporcional à população dos países. Sendo
assim, a Alemanha, o mais populoso, tem direito a 99 deputados e
Luxemburgo, o menos populoso, tem direito a 6, de um total de 626
deputados. Uma política externa comum deve necessariamente passar
pelo crivo do parlamento europeu.
NAFTA : A
Zona de Livre Comércio da América do Norte ou North America Free
Trade Agreement, assinado em 1192 pelos EUA, Canadá e México,
entrou em vigor em janeiro de 1994. Trata-se de um gigantesco mercado
de mais de 400 milhões de pessoas e um PNB superior a 10 trilhões
de dólares.
Tendo como centro
polarizador a economia dos EUA, este zona está se implantando com a
gradativa redução das barreiras alfandegárias entre os 3 países.
Mais do que uma simples zona de livre comércio, o Nafta deve ser o
ponto de partida para a reedição, adaptada ao momento atual, da
Doutrina Monroe. Isso ficou evidente quando, em 1990, o então
presidente George Bush lançou uma proposta de criação de uma zona
de livre comércio abrangendo toda a América - "A iniciativa
para as Américas". Ficou clara a retomada do interesse dos EUA
pela América Latina, região que permaneceu um tanto esquecida
durante a Guerra Fria, quando a Europa era o centro de suas atenções.
Na atual economia globalizada, os EUA pretendem criar uma zona de
livre comércio abarcando todos os países americanos (com exceção
de Cuba) e constituir a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas),
de modo a reafirmar sua hegemonia sobre o continente. As negociações
foram iniciadas na Cúpula de Miami, em dezembro de 1994, e os EUA
pretendem implantar a ALCA até 2005.
ASEAN: EM
1967, foi constituída a Asean, Associação das Nações do Sudeste
Asiático ou Association of South East Asian Nations. Criada
inicialmente para desenvolver a região e aumentar sua estabilidade,
em 1992 resolveu transformar-se em uma zona de livre comércio a ser
implantada até 2008, sendo que as tarifas alfandegárias entre os
países membros já começaram a ser reduzidas. A Asean é composta
por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Myanmar,
Tailândia e Vietnã. A Papua-Nova Guiné participa apenas como
membro observador.
APEC: Em
1989, foi fundada a Apec, Cooperação Econômica Ásia-Pacífico ou
Asia Pacific Economic Cooperation. Composta por vinte países
banhados pelo Pacífico (EUA, Canadá, México, Rússia, Japão,
China, Coréia do sul, Taiwan, Austrália, Nova Zelândia, Cingapura,
Indonésia, Malásia, Tailândia, Filipinas, Brunei, Vietnã,
Papua-Nova Guiné, Chile e Peru) e Hong Kong (região administrativa
especial da China), essa entidade prevê a implantação de uma Zona
de livre comércio entre seus membros. Entretanto, essa integração
não deve ocorrer a curto prazo, devido as grandes disparidades
econômicas entre os países-membros e às disputas comerciais entre
as 3 principais potências: EUA, Japão e China. Assim, embora o
prazo fixado para a criação dessa zona de livre comércio seja o
ano de 2020, é difícil prever se ela realmente se consolidará
nesse prazo.
Só para Ter uma idéia
da força que poderia Ter a Apec, basta lembrar que, em 2000, sua
população era de aproximadamente 2,5 bilhões de habitantes e seu
PIB era da ordem de 18 trilhões de dólares, o que equivale a 60% da
produção mundial, além de controlar em torno de 50% do comércio
planetário. Assim, esse bloco seria de longe, o maior do mundo.
Apesar da crescente
interdependência econômica dos países do Pacífico Asiático sob a
hegemonia das grandes corporações japonesas, um aprofundamento nos
moldes da União Européia, ou mesmo, do Nafta, é muito difícil
devido ao viés fortemente nacionalista dos projetos de
desenvolvimento tocados pelos Estados da região.
MERCOSUL:Vigorando
desde novembro de 1991, o Mercosul - Mercado Comum do Sul - foi
constituído através do Tratado de Assunção, assinado em março
daquele ano. Os quatro países signatários são o Brasil, a
Argentina, o Paraguai e o Uruguai.
O acordo visava,
inicialmente, estabelecer uma zona de livre comércio entre os países
membros, através da eliminação de taxas alfandegárias e de
restrições não-tarifárias (cotas de importação, proibição de
importação de determinados produtos, etc.), liberando a circulação
de mercadorias. Alcançada essa meta e complementando essa zona de
livre comércio, foi fixada uma política comercial conjunta dos
países membros em relação a terceiros, o que implicou a definição
de uma Tarifa Externa Comum (TEC). Atualmente, o Mercosul encontra-se
no estágio de União Aduaneira, mas no futuro estão previstos novos
passos rumo a uma integração mais profunda, quem sabe chegando ao
estágio de mercado comum, terceira e mais avançada etapa do
processo integracionista.
O Mercosul tem uma
população de mais de 200 milhões de habitantes e um PNB de quase
um trilhão de dólares. Diante dos outros 3 grandes blocos, parece
um anão, e os problemas políticos e econômicos enfrentados pelos
países membros, principalmente com a Crise Argentina em 2001/02,
dificultam o processo integracionista, que está longe de ter sido
alcançado plenamente.
Em outubro de 1996, o
Chile assinou um acordo de livre comércio com o Mercosul. No ano
seguinte, acordo semelhante foi feito com a Bolívia. Isso não
implica, porém, a entrada desses países como novos membros no
Mercosul, mas apenas a abolição gradativa de barreiras
alfandegárias para estimular o comércio regional.
Hoje, o Mercosul é,
ainda, uma união aduaneira incompleta. No entanto, é o passo mais
consistente que está sendo dado por países subdesenvolvidos rumo à
inserção numa economia mundial globalizada.
OUTRAS ORGANIZAÇÕES
NA AMÉRICA LATINA:A tentativa integracionista na América
Latina é antiga. Sob a influência do surgimento da CEE, foi criada,
em 1960, através do Tratado de Montevidéu, a Associação
Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc). Seu objetivo era, a
partir de uma zona de livre comércio inicial, implantada num prazo
de doze anos, criar um mercado comum, num prazo maior, abrangendo
toda a América Latina. No entanto, a Alalc fracassou, e seus
objetivos, muitos pretensiosos, nunca foram alcançados. Isso ocorreu
devido, entre outros fatores, aos grandes desníveis econômicos
entre os países membros e às medidas protecionistas implantadas
pelos regimes militares autoritários que predominaram na região
desde meados da década de 60 até os anos 80. O comércio exterior
continuava sendo predominantemente extra regional.
Com o fracasso da Alalc,
os países da região negociaram, em 1980, um novo Tratado de
Montevidéu, que resultou na criação da Associação
Latino-Americana de Desenvolvimento e Integração (Aladi). Essa
entidade, sediada em Montevidéu (Uruguai), traçou objetivos
integracionistas bem menos pretensiosos: não fixava prazos rígidos
para a criação de uma zona de livre comércio, aceitava acordos
bilaterais entre países membros, etc. infelizmente, a Aladi surgiu
numa conjuntura bastante desfavorável. Nasceu no início dos anos
80, a "década perdida" para a América latina, quando a
crise da dívida externa lançou todo o continente numa grave crise
econômica, levando os países a adotarem medidas protecionistas para
garantir saldos positivos em seu comércio exterior e pagamento dos
encargos da dívida externa. Novamente a integração regional ficou
prejudicada e foi protelada.
Houve ainda outras
tentativas integracionistas na América Latina, embora menos
ambiciosas e mais restritas regionalmente do que a Alalc/Aladi. Em
1960, foi criado o Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), composto
por Costa Rica, El Salvador, Honduras e Nicarágua. Na América do
Sul, também foi constituída uma organização econômica regional:
em 1965 surgiu o Pacto Andino, com sede em Lima no Peru. Além desse
país, também fazem parte dessa entidade a Bolívia, a Colômbia, o
Equador, e a Venezuela. O Chile deixou-a em 1977e, após ver
frustrada sua pretensão de ingressar no Nafta, firmou um acordo de
livre comércio com o Mercosul em 1996.
Seja em escala
subcontinental (América Latina), como foi o caso da Alalc e de sua
atual sucessora, a Aladi, seja em escala mais localizada - o MCCA, na
América central, ou o Pacto Andino, na região dos Andes -, todas
essas organizações buscavam implantar uma zona de livre comércio
entre seus membros, a fim de aprofundar a integração econômica. No
entanto, nenhuma delas obteve sucesso, porque todas sofrem, desde o
nascimento, dos males congênitos do subdesenvolvimento: dependência
econômica e tecnológica, reduzido mercado interno em conseqüência
da forte concentração da renda, baixo nível de industrialização,
predominância de produtos primários na pauta de exportação e
grandes desníveis sociais e regionais.
Numa economia cada vez
mais globalizada, os países subdesenvolvidos, em geral, têm grandes
dificuldades de se inserir competitivamente no comércio mundial.
Assim, é compreensível que , apesar de bem mais novo, o Mercosul
esteja sendo relativamente mais bem sucedido. Nesse bloco estão duas
das maiores, mais industrializadas e diversificadas economias da
América Latina: o Brasil e a Argentina. É em torno desses dois
países , com destaque para o Brasil, que vão orbitar outras
economias menores, como o Paraguai e o Uruguai e, possivelmente, o
Chile e a Bolívia, que já estão em negociações para ingressar no
Mercosul.
A TERCEIRA REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL
Hoje,
um fantasma ronda a vida dos trabalhadores: o desemprego. Para muitos
estudiosos, trata-se de um desemprego estrutural, isto é, causado
pelas transformações que vêm ocorrendo no padrão ou modelo de
desenvolvimento produtivo e tecnológico que predomina nos países
capitalistas avançados. Essas transformações apresentam diferenças
nos países onde ocorrem mas, de qualquer forma, estão alterando a
organização do processo produtivo e do trabalho em todos eles e no
resto do mundo também. E tais mudanças afetam o conjunto do mundo
do trabalho.
À
primeira vista, os robôs ou as novas tecnologias de produção
parecem ser os únicos e mais cruéis causadores desse desemprego. No
entanto, existem outras razões de ordem econômica, social,
institucional e geopolítica que, associadas à tecnologia, formam um
conjunto que explica melhor aquilo que, para alguns analistas,
significaria até mesmo o fim de uma sociedade organizada com base no
trabalho.
O
sistema capitalista, como todo sistema econômico, sofreu
transformações ao longo de sua história. As mudanças podem ser
profundas, acumular tensões sociais e graves problemas econômicos,
gerar crises, guerras e revoluções políticas, mas o sistema
permanece basicamente o mesmo, isto é, trata-se de um sistema
produtor de mercadorias cuja venda tem por objetivo o lucro. Por isso
o chamamos, indistintamente, de economia de mercado ou economia
capitalista.
No
entanto, para que as empresas capitalistas produzam mais e mais
mercadorias - com maior eficiência e melhores níveis de
produtividade, ganhando em competitividade em relação a outras
empresas, e sempre que possível obtendo lucros crescentes - elas
precisam criar e aplicar novas técnicas e novas formas de
organização da produção e do trabalho, dividir funções com
outras empresas, negociar salários, estipular taxas de lucros etc.
Mas
o capitalismo não se restringe apenas às unidades empresariais e
suas dinâmicas internas. Na sociedade como um todo, existem outros
componentes extremamente importantes que precisam ser levados em
consideração, pois interferem na vida das próprias empresas. Tais
componentes podem ser as formas institucionalizadas, como as regras
do mercado, a legislação social, a moeda, as redes financeiras, em
grande parte estabelecidas pelo Estado, ou ainda, as disputas pelo
poder das nações, o comércio internacional, a renda e o consumo de
cada família, a qualidade dos recursos humanos, as convenções
coletivas, as idéias produzidas etc.
Quando
esse conjunto de elementos, e muitos outros, é razoavelmente
ajustado e aceito pela sociedade (não se trata de um consenso pleno,
pois sempre haverá oposições e tensões), estamos diante de um
modelo de desenvolvimento capitalista dominante, com uma organização
territorial correspondente. E esse modelo permanece até que uma nova
crise ocorra e novos rearranjos sejam feitos na sociedade e no
espaço.
Após
a crise de 1929, o modelo de desenvolvimento que aos poucos passou a
dominar nos países de tecnologia avançada - Estados Unidos, Japão
e em boa parte da Europa -, mantidas suas especificidades, levou o
nome de fordismo, pois nesse modelo foram incluídas formas de
produção e de trabalho postas em prática pioneiramente nos Estados
Unidos, nas décadas de 1910 e 1920, nas fábricas de automóveis do
empresário norte-americano Henry Ford.
O
fordismo teve seu ápice no período posterior à Segunda Guerra
Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, que ficou conhecido na história
do capitalismo como Os Anos Dourados.
A
crise sofrida pelos Estados Unidos na década de 1970 foi considerada
uma crise do próprio modelo, que apresentava queda da produtividade
e das margens de lucros. A partir da década de 1980, esboçou-se nos
países industrializados um novo padrão de desenvolvimento
denominado pós-fordismo ou modelo flexível.
Para
compreender as tendências do novo modelo flexível, baseado na
tecnologia da informação, que vem ameaçando os empregos, é
necessário levantar, ainda que de forma simplificada, algumas
características do fordismo e algumas razões que levaram ao seu
esgotamento:
*
Período - Nos países de industrialização avançada, o
fordismo surgiu a partir da crise de 1929, atingindo o auge de
dominação nos anos 50 e 60.
*
Avanços tecnológicos - O fordismo contou inicialmente com os
avanços tecnológicos alcançados no final do século XIX, como a
eletricidade e o motor à explosão. Mais tarde incorporou os avanços
da alta tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial e
que posteriormente passou para o uso da sociedade civil, a exemplo
dos materiais sintéticos e do motor a jato. E, finalmente, no
pós-guerra, começou a usufruir dos avanços científicos alcançados
nas áreas da eletrônica e da tecnologia da informação.
*
Organização da produção - Nas grandes indústrias, longas
esteiras rolantes levavam o produto semi- acabado até os operários,
formando uma cadeia de montagem. A produção dos diversos
componentes era feita em série. O resultado foi uma produção em
massa que utilizava maquinaria cara; por isso, o tempo ocioso deveria
ser evitado a todo custo. Acumularam-se grandes estoques extras de
insumos e mantinha-se alto número de trabalhadores para que o fluxo
de produção não fosse desacelerado. Os milhares de produtos
padronizados eram feitos para mercados de massa. Os setores
industriais mais destacados eram os de bens de consumo duráveis
(automóveis e eletroeletrônicos) e os de bens de produção
(destacadamente a petroquímica). Entre as décadas de 1940 e 1960
surgiu uma interminável seqüência de novos produtos, a exemplo de
rádios portáteis transistorizados, relógios digitais, calculadoras
de bolso, equipamentos de foto e vídeo.
*
Organização do trabalho - O trabalho passou a se organizar
com base num método racional, conhecido como taylorismo, que
apresentava as seguintes características:
-
separava as funções de concepção (administração, pesquisa e
desenvolvimento, desenho etc.) das funções de execução;
-
subdividia ao máximo as atividades dos operários, que podiam ser
realizadas por trabalhadores com baixos níveis de qualificação,
mas especializados em tarefas simples, de gestos repetitivos;
-
retinha as decisões nas mãos da gerência. Esse "método
americano" de trabalho seguia linhas hierárquicas rígidas, com
uma estrutura de comando partindo da alta direção e descendo até a
fábrica. Os operários perderam o controle do processo produtivo
como um todo, e passaram a ser controlados rigidamente por técnicos
e administradores.
*
Organização dos trabalhadores - Houve crescimento e
fortalecimento dos sindicatos. Os contratos de trabalho começaram a
ser assinados coletivamente. Os salários eram ascendentes. E foram
realizadas importantes conquistas de cunho social, tais como
garantias de emprego, salário-desemprego e aposentadoria.
*
Mercado- Os mercados de massa ficavam garantidos por causa do
aumento da capacidade de compra dos próprios trabalhadores. Embora
ocorresse uma expansão dos mercados internacionais, eram os mercados
internos que garantiam o consumo da maior parte da produção. Surgia
a sociedade de consumo. Geladeiras, lavadoras de roupa automáticas,
telefone e até automóveis passaram a ser produtos de uso comum.
Serviços antes acessíveis a minorias, como no caso do setor de
turismo, transformaram-se em serviços de massa.
*
Papel do Estado - Ocorreu a ampliação e a diversificação da
intervenção social e econômica do Estado, inspirada nos princípios
da teoria keynesiana e do Estado do bem-estar social. O Estado
nacional de caráter keyneisiano passou a interferir mais diretamente
na economia, por meio, por exemplo, dos gastos públicos, dos planos
de desenvolvimento regional, da criação de um número significativo
de empregos no setor público e do atendimento às garantias
reivindicadas pelos trabalhadores, a exemplo da garantia de emprego.
E o Estado do bem-estar social desenvolveu políticas destinadas a
reduzir as desigualdades sociais, como as de transportes urbanos,
habitação, saneamento, urbanização, educação e saúde.
*
Organização do território - A organização da produção e
do trabalho reorganizou o espaço geográfico. O processo de
urbanização acelerou-se. As unidades produtivas atraíam umas às
outras. Cresceram ainda mais as regiões industriais. As cidades se
transformaram em grandes manchas urbanas. Surgiram novos bairros
residenciais e distritos industriais com o apoio e incentivo
estatais. Cresceram a construção civil e a massa construída de
casas e prédios, em grande parte incentivadas por programas
governamentais de hipotecas e empréstimos.
As
metrópoles, com seus centros de negócios e de decisões
constituídos pelas sedes sociais das grandes empresas, incorporaram
os municípios vizinhos. Grandes regiões urbanizadas - as
megalópoles - se formaram entre duas ou mais metrópoles devido à
polarização que tais centros exerciam sobre as pequenas e médias
cidades que se encontravam ao seu redor. Intensos fluxos de pessoas e
mercadorias integraram o conjunto formado por essas cidades.
Em
todas as cidades intensificaram-se o comércio, os transportes, as
comunicações e os serviços em geral. As redes urbanas tornaram-se
mais densas. Diversificaram-se as atividades culturais e de lazer.
Cresceram as universidades e centros de pesquisa e tecnologia. Mais
capitais e trabalhadores foram atraídos pelas cidades. A geografia
do fordismo foi a das grandes concentrações urbano-industriais.
O
modelo fordista, que floresceu no pós-guerra, dependia da subida
constante dos salários para manter o mercado ativo, ou seja, manter
os níveis de produção e de consumo crescentes. Porém, os salários
não podiam crescer a ponto de ameaçar os lucros empresariais;
mantiveram-se os níveis salariais e os lucros aumentando os preços
dos produtos, o que gerou uma crise inflacionária.
Nos
Estados Unidos, os gastos públicos se agigantaram, tanto interna
como externamente - a guerra do Vietnã foi um exemplo. A moeda
americana ficou debilitada. Esse país, que durante todo o período
de domínio do fordismo assegurava a estabilidade da economia mundial
com base em sua moeda - o dólar -, viu esse sistema monetário
declinar. A competitividade da Europa e do Japão superavam a dos
Estados Unidos. Assistia-se a uma verdadeira guerra comercial, que
nunca deixou de crescer.
A
partir da década de 1970, a saída foi investir num novo modelo que
rompesse com aquilo que era considerado a rigidez do modelo fordista.
A ordem era flexibilizar, ou seja, golpear a rigidez nos processos de
produção, nas formas de ocupação da força de trabalho, nas
garantias trabalhistas e nos mercados de massa, então saturados.
As
empresas multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade,
expandiram espacialmente sua produção por continentes inteiros.
Surgiram novos países industrializados. Os mercados externos
cresceram mais que os mercados internos. O capitalismo internacional
reestruturou-se.
Os
países de economia avançada precisaram criar internamente condições
de competitividade. A saturação dos mercados acabou gerando uma
produção diversificada para atender a consumidores diferenciados.
Os contratos de trabalho passaram a ser mais flexíveis. Diminuiu o
número de trabalhadores permanentes e cresceu o número de
trabalhadores temporários. Flexibilizaram-se os salários -
cresceram as desigualdades salariais, segundo a qualificação dos
empregados e as especificidades da empresa. Em muitas empresas,
juntou-se o que o taylorismo separou: o trabalhador pensa e executa.
Os sindicatos viram reduzidos seu poder de representação e de
reivindicação. Ampliou-se o desemprego.
Os
compromissos do Estado do bem-estar social foram sendo rompidos pouco
a pouco. Eliminaram-se, gradativamente, as regulamentações do
Estado.
As
políticas keynesianas - que se revelaram inflacionárias, à medida
que as despesas públicas aumentavam e a capacidade fiscal estagnava
- forçaram o enxugamento do Estado.
A
transformação do modelo produtivo começou a se apoiar nas
tecnologias que já vinham surgindo nas décadas do pós-guerra
(automação e robotização) e nos avanços das novas tecnologias da
informação. O método de produção americano foi substituído pelo
método japonês de produção enxuta, que combina máquinas cada vez
mais sofisticadas com uma nova engenharia gerencial e administrativa
de produção - a reengenharia, que elimina a organização
hierarquizada. Agora, engenheiros de projetos, programadores de
computadores e operários interagem face a face, compartilhando
idéias e tomando decisões conjuntas.
O
novo método, rotulado por muitos como toyotismo, numa referência à
empresa japonesa Toyota, utiliza menos esforço humano, menos espaço
físico, menos investimentos em ferramentas e menos tempo de
engenharia para desenvolver um novo produto. A empresa que possui um
inventário computadorizado, juntamente com melhores comunicações e
transportes mais rápidos, não precisa mais manter enormes estoques.
É o just in time.
O
novo método permite variar a produção de uma hora para outra,
atendendo às constantes exigências de mudança do mercado
consumidor e das mudanças aceleradas nas formas e técnicas de
produção e de trabalho. A ordem é manter estoques mínimos,
produzindo apenas quando os clientes efetivam uma encomenda.
As
grandes empresas começaram a repassar para as pequenas e médias
empresas subcontratadas um certo número de atividades, tais como
concepção de produtos, pesquisa e desenvolvimento, produção de
componentes, segurança, alimentação e limpeza. Isso passou a ser
conhecido como terceirização. Com ela, as grandes empresas
reduziram suas pesadas e onerosas rotinas burocráticas e suas
despesas com encargos sociais, concentrando-se naquilo que é
estratégico para seu funcionamento.
A
produção flexível vem transformando espaços e criando novas
geografias, à medida que ocorrem redistribuições dos investimentos
de capital produtivo e especulativo e, conseqüentemente,
redistribuição espacial do trabalho. Numerosas empresas se
transferiram das tradicionais concentrações urbanas e regiões
industriais congestionadas, poluídas e sindicalizadas, para novas
áreas nas quais a organização e o poder de luta dos trabalhadores
é pouco significativa. Surgiram novos complexos de produção - os
complexos científicos-produtivos -, ligados a universidades e
centros de pesquisa onde as inovações são constantes.
Um
caso exemplar desses complexos é o do Vale do Silício (Silicon
Valley), na Califórnia, cujo modelo se difundiu por vários países.
Nesse complexo, a Universidade de Stanford, juntamente com empresas
do ramo da microeletrônica, criou um parque tecnológico cuja fama
cresceu com a produção de semicondutores e o uso do silício como
matéria-prima para sua fabricação. O Vale do Silício faz parte de
uma área maior em torno da baía de São Francisco onde se
estabeleceram numerosas indústrias de alta tecnologia.
Esses
tecnopólos também são encontrados no interior das tradicionais
regiões industriais que vêm se modernizando, a exemplo da região
industrial de Frankfurt, na Alemanha, ou ainda daquelas que procuram
sair de uma situação de estagnação, como no caso da região de
Turim, na Itália, ou de Lyon, na França.
O
sistema just in time exige também uma reorganização do território.
As firmas subcontratadas pelas grandes empresas se aglomeram em torno
da planta terminal de produção, criando um novo tipo de aglomeração
produtiva.
Esse
é o caso da fábrica da Volkswagen, instalada em Resende, no Estado
do Rio de Janeiro, que vem atraindo outras empresas que produzirão,
no próprio terreno da fábrica da Volkswagen, componentes utilizados
na montagem de ônibus e caminhões.
Sem
nenhuma dúvida, vivemos hoje mudanças profundas que se refletem no
mundo do trabalho. Para os mais otimistas, a questão do desemprego
tecnológico será resolvida pela própria tecnologia avançada que
estimulará o surgimento de novos setores produtivos e de atividades
humanas a ela ligados, exigindo, assim, novos trabalhadores. Para
outros, o sonho dos empresários de fábricas sem operários está
prestes a ser realizado.
Também
nos setores agrícolas e de serviços, as máquinas substituem o
trabalho humano. Corporações multinacionais fazem notar que estão
cada vez mais competitivas, e ao mesmo tempo anunciam demissões em
massa. A questão que se coloca neste final de século é a seguinte:
para onde vão os trabalhadores? A resposta dependerá da posição
assumida pelas sociedades como um todo.
FONTES
DE ENERGIA E POLUIÇÃO
Os
fluxos naturais de energia, que são utilizados há milênios, são
conhecidos como fontes renováveis. Antes da Revolução Industrial,
o Sol era uma das fontes de energia mais utilizadas. Ele fornecia
energia para os músculos (do ser humano e dos animais empregados na
tração de cargas e para mover moinhos e máquinas). Além disso,
aproveitava-se a força do vento e da água - movidos também pela
energia solar. A madeira, sob a forma de carvão, era igualmente
utilizada desde a pré-história.
Com
a Revolução Industrial, os combustíveis fósseis - como o carvão
e o petróleo - começaram a ser utilizados como fontes de energia. A
energia gerada pelos combustíveis fósseis é, em última instância,
limitada pela geologia, pois se trata de uma fonte de energia não
renovável.
A
exploração dos combustíveis fósseis deu a base para o
desenvolvimento da sociedade industrial, diferente de todas as
sociedades anteriores, tanto na sua natureza quanto na sua escala.
No
ano 2000, as fontes de produção/consumo de energia devem se
distribuir aproximadamente do modo como está no esquema da página
seguinte.
A
principal fonte de energia da sociedade industrial é o petróleo,
que representa aproximadamente 40% da energia comercial do mundo. Por
causa da ameaça de esgotamento das jazidas é possível que, no
início do século XXI, seu uso se modifique, passando a ser
empregado mais como matéria-prima para a indústria química do que
como combustível.
As
reservas mundiais de carvão, ao contrário, são suficientes para
atender à demanda nos próximos 250 anos, se forem mantidos os
níveis de consumo atuais. Os problemas ambientais devem, no entanto,
inviabilizar uma volta maciça ao seu uso.
Em
1973, os países produtores de petróleo, organizados na Organização
dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), promoveram uma grave
crise energética mundial ao dobrar o preço do barril de petróleo.
Até então, os países consumidores de petróleo usavam de forma
abusiva esse capital energético que a natureza havia acumulado há
milhões de anos, esquecendo-se de que estavam usando uma "oferta"
que a natureza não conseguiria manter indefinidamente. A crise
obrigou os países consumidores a buscar novas regiões produtoras de
petróleo e, ao mesmo tempo, promover campanhas de racionalização
do seu uso. Normalmente as taxas de consumo de energia acompanhavam
as de crescimento econômico. Mas, a partir da crise, o exemplo da
Alemanha Ocidental é sugestivo: entre 1974-1985, enquanto o seu
consumo de energia aumentou apenas 3%, o PIB alemão cresceu 17,5%, o
que mostra a eficiência das suas políticas de uso mais racional de
energia.
Para
os países em desenvolvimento, a crise energética revelou-se mais
grave porque foi acompanhada por uma desvalorização das
matérias-primas: em 1975 o preço de uma tonelada de cobre equivalia
ao de 115 barris de petróleo; em 1982 a equivalência baixou para 57
barris.
Embora
os preços do petróleo tenham diminuído na década de 1980, não
voltaram mais aos níveis anteriores a 1974, o que mudou
profundamente a situação energética mundial. A crise dos preços
estimulou o desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitaram
obter mais petróleo nos poços que estavam em produção e recuperar
áreas já consideradas esgotadas. Porém, se continuarmos a consumir
petróleo no ritmo atual, as reservas mundiais deverão esgotar-se
nos próximos cinqüenta anos.
Antes
que a OPEP deflagrasse a crise do petróleo, o terço mais pobre da
população mundial já enfrentava outra crise energética.
Aproximadamente 2 bilhões de habitantes dos países em
desenvolvimento dependem da lenha como combustível para cozinhar ou
para aquecimento. Como há um descompasso entre a velocidade do
consumo da floresta e o tempo necessário para as árvores crescerem,
a obtenção de lenha torna-se cada vez mais difícil. O aumento da
população nessas regiões torna o problema ainda mais grave. Não
se trata de um problema de ignorância: é um trágico problema de
sobrevivência. As populações mais pobres, dos países
subdesenvolvidos, são obrigadas a destruir os meios de vida do
futuro para dispor do necessário no presente. O quadro se torna
ainda mais grave porque o desmatamento traz uma série de problemas
ambientais: desaparece o "efeito esponja" da floresta, o
que significa que os solos ficam expostos diretamente à ação das
chuvas; aumenta o escoamento superficial; modifica-se definitivamente
a biodiversidade.
Outras
razões significativas para a diminuição das florestas -
especialmente das florestas tropicais - são a demanda de terras para
o cultivo e o desmatamento para a obtenção de madeiras nobres. Os
deslocamentos da população em direção às fronteiras agrícolas
em busca de terras e a atuação das empresas madeireiras, em busca
do lucro imediato, têm provocado a rápida redução das florestas
tropicais úmidas. Estima-se em 12 milhões de hectares a área
desmatada a cada ano. Se o desmatamento mantiver esse ritmo é
possível que, no ano 2050, essa formação florestal esteja
praticamente desaparecida.
Como
as demais riquezas, a energia produzida no mundo não se distribui
equilibradamente: um norte-americano consome trezentas vezes mais
energia do que um africano. Certamente, num futuro próximo, os
combustíveis fósseis e a energia nuclear - fontes não renováveis
- continuarão sendo as nossas principais fontes de energia. Mas nos
últimos anos tem crescido o interesse pelo uso das energias solar,
hidráulica e da biomassa, até aqui subutilizadas. Elas representam,
certamente, as alternativas mais encorajadoras para a questão
energética mundial.
Além
dos combustíveis fósseis, a indústria moderna utiliza cerca de
oitenta minerais como matérias-primas. As jazidas desses minerais
são relativamente abundantes e, em termos gerais, as reservas dos
minerais fundamentais mostram-se suficientes para atender às
necessidades.
O
uso cada vez mais freqüente da reciclagem permite poupar tanto as
jazidas quanto as fontes de energia. Por exemplo: para produzir uma
tonelada de alumínio, a partir de sucata, gasta-se apenas 5% da
energia necessária para extrair a bauxita e transformá-la em
alumínio. Outra alternativa que vem se tornando cada vez mais
freqüente é a da substituição de materiais, a exemplo do estanho,
que tinha largo emprego industrial nas embalagens de alimentos
perecíveis e está sendo substituído pelo plástico e pelo
alumínio.
A
água em estado líquido é uma das originalidades do nosso planeta.
Componente essencial de todos os seres vivos, a água está presente
em cada animal, em cada planta e em cada ser humano, na forma de
fluxos microscópicos. A degradação da água tem efeitos dramáticos
sobre a fauna, a flora e a saúde do homem. O desinteresse sobre a
poluição da água favorece a contaminação alarmante dos lençóis
subterrâneos, dos rios e das águas costeiras.
O
desconhecimento do modo pelo qual a água circula nos solos, nos
rios, nos oceanos e na atmosfera - o ciclo da água - é em parte
responsável por esse desinteresse.
Outro
dado fundamental: os recursos hídricos são limitados. À medida que
vem aumentando o consumo de água, ficam claras as limitações do
seu uso. A água que abastece os continentes circula entre a terra, o
mar e a atmosfera graças à energia solar. Uma parte é transportada
sob a forma de vapor e envolve todo o planeta. A atmosfera se
umidifica graças à evaporação dos oceanos e da superfície
terrestre e perde água por causa das precipitações. A água
absorvida pelo solo fica disponível para as plantas que a absorvem
pelas raízes e a liberam, por transpiração, para a atmosfera.
A
outra parte do ciclo é totalmente terrestre. A rede hidrográfica
recebe a água da precipitação que escoa superficialmente ou se
infiltra pelo solo, reabastecendo os lençóis d’água, os lagos e
os rios. Ao fim do ciclo, a água é devolvida ao mar ou armazenada
nos reservatórios profundos da crosta terrestre.
O
conhecimento do ciclo da água permite compreender o impacto da
poluição. Uma vez utilizada, a água fica carregada de impurezas,
contaminando os rios, os lençóis subterrâneos e a atmosfera.
Todos
os anos aproximadamente 10% das águas evaporadas dos oceanos e
mares, devido à ação do Sol, retorna aos continentes sob a forma
de chuva. É dessa água que dependemos. De toda água existente na
Terra, somente essa pequena quantidade está disponível para uso.E
essa água utilizável não está distribuída igualmente.
De
modo geral, existe água disponível para atender às necessidades da
população mundial embora as diferenças de consumo sejam
diretamente proporcionais ao desenvolvimento sócioeconômico. Para
manter uma qualidade de vida razoável são necessários 80 litros de
água por dia para cada habitante. Mas o consumo médio pode variar
dos 25 litros diários de uma família indiana até os 500 litros de
uma família norte-americana.
Enquanto
a agricultura consome 73% da água disponível no mundo, conforme as
necessidades de irrigação, a indústria consome 22% do total, e o
uso doméstico apenas 5%. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS) "o número de torneiras para cada 1.000 habitantes é um
indicador mais confiável para a saúde do que o número de leitos
hospitalares". A água, uma fonte de vida, mata em torno de 25
milhões de pessoas, a cada ano, nos países subdesenvolvidos. A
obtenção de água em condições adequadas de uso e a eliminação
higiênica dos resíduos humanos são problemas do cotidiano desses
países. Na ausência dos serviços básicos, é comum o uso da água
não-tratada para o abastecimento. Como conseqüência, ela se torna
o principal agente de transmissão de numerosas doenças como a
diarréia, o cólera e o tifo.
A
água é um recurso renovável mas suas reservas não são
ilimitadas. O problema de escassez é crucial para os países
subdesenvolvidos, que têm um rápido crescimento demográfico e que
se situam nas regiões tropicais semi-áridas. No ano 2000, o mundo
terá 25 cidades com mais de 10 milhões de habitantes, e algumas
dessas megacidades, tais como Cairo (Egito), Calcutá (Índia),
Cidade do México (México) e mesmo São Paulo (Brasil), sofrerão
problemas de abastecimento de água, seja por causa de uma demanda
crescente, seja por causa da contaminação.
Nos
países desenvolvidos, o aumento indiscriminado dos produtos químicos
tóxicos tornou-se também um problema de saúde pública. Como a
biosfera é um sistema fechado, as substâncias que são lançadas na
atmosfera não desaparecem. Assim, o uso do DDT, dos inseticidas
clorados e outros pesticidas contamina a água dos rios, dos mares e
dos lençóis subterrâneos. O acidente com a fábrica Sandoz, na
Suíça, em 1986, tornou-se um exemplo desse tipo de poluição, pois
provocou a morte de peixes e tornou, temporariamente, a água do rio
Reno imprópria para o consumo. Embora o uso desses produtos esteja
proibido nos países desenvolvidos, as empresas do setor químico os
produzem para vendê-los nos países subdesenvolvidos onde a
legislação é menos rigorosa.
Outra
forma de poluição é a provocada pelos poluentes transportados
pelos fluxos atmosféricos. Os gases lançados na atmosfera pelas
fábricas e pelos carros (dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio)
e os pesticidas vaporizados pela agricultura estão na origem das
chuvas ácidas. Os efeitos desse tipo de poluição são
particularmente graves no norte da Europa e no nordeste dos Estados
Unidos.
A
gestão dos recursos naturais nos últimos vinte anos ganhou maior
eficiência e, ao que tudo indica, uma nova orientação. Como seria
impossível mudar a matriz energética mundial, a solução
encontrada foi obter economias significativas no consumo de energia,
graças a novas tecnologias. Assim, os "sistemas inteligentes"
de iluminação e aquecimento dos edifícios e os sistemas
eletrônicos para controle de consumo de combustível dos carros
conseguiram maior eficiência por unidade de energia consumida. O
mesmo tipo de ação está se realizando em relação à água. Ainda
que ela seja um recurso renovável, é preciso uma gestão cuidadosa
dos recursos hídricos. Hoje, aproximadamente trinta países vivem a
ameaça de escassez de água.
A
energia, a água, os minerais, entre outros recursos da natureza, não
são inesgotáveis. Nosso planeta é um sistema fechado e nós
estamos alcançando os seus limites. Por isso existe a necessidade de
utilizar esses recursos de forma racional. As novas tecnologias devem
ser difundidas para que sejam adotados novos comportamentos sociais,
a partir de políticas ambientais. A sociedade conservacionista
depende, fundamentalmente, do compromisso dos indivíduos que a
compõem.
Interessante gostei, http://formulanegocioonline.k6.com.br
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