sexta-feira, 19 de novembro de 2010

B) A Globalização
Na década de 80 ocorreu o esgotamento do modelo do “Estado do bem-estar social” dos países centrais, que tinham adotado o keynesianismo, daí iniciou-se a política neoliberal nos EUA e no Reino Unido e em outros países da América Latina. O neoliberalismo coincide com a globalização adotando o livre-cambismo, que facilita o intercâmbio comercial entre os países.
Ao ideal de “progresso” no início do século e ao de “desenvolvimento” no pós-guerra, criou-se a partir da década de 80 a meta empresarial da “competitividade” = maior produtividade (aprimoramento tecnológico e menores custos de mão-de-obra pela terceirização; matérias-primas e energia) e lucratividade (oferecer ao mercado produtos bons e baratos, gerando-se lucros maiores por menores custos). Para isto é mister altos investimentos em pesquisa C & T, cuja reprodução de capital mais rápida exige a mundialização do mercado.
Avanço tecnológico nos transportes e comércio diminuiu a relação custo-tempo e permitiu às empresas uma estratégia global de produção (decomposição do processo de produção e dispersão das suas etapas em escala mundial, através de rede e em busca de menores custos).
Mundialização do espaço geográfico da produção, da circulação e consumo e o das idéias. Neste as agências internacionais de notícias e de informação (como a AP, Reuters), a Internet e a TV a cabo difundem valores e padrões de comportamento como o consumismo, os modismos e o utilitarismo.
A globalização não significa homogeneização do espaço mundial pois há movimentos de resistência contra ela, criados por grupos excluídos ou de preservação de valores morais e de costumes como os nacionalistas e fundamentalistas religiosos, estes últimos pretendendo o retorno a verdades e dogmas fundamentais de suas crenças. Na realidade, pois, surge uma hibridização ou mistura das condições histórico-culturais do local e do mundo, cultural e economicamente. As razões desta situação são a exclusão social e a maior concentração de renda dentro dos países e a nível internacional.
Além disso, a globalização não corresponde à uma integração social, visto que aumenta a concentração de renda tanto nos países ricos (como nos EUA) como nos países pobres.
Fábrica global ou economia de rede: etapas do processo produtivo é internacionalizado em busca de maior lucratividade, concentrando-se, porém, o processo de pesquisa científica e mercadológica nos países centrais, sedes das empresas.
A aldeia global representa a comunidade internacional integrada pela comunicação e informação em face da mídia eletrônica (rádio e televisão) e telemática (uso conjunto do computador e meios de comunicação como a Internet e via satélite).
A Economia-mundo é executada pelas transnacionais e bancos internacionais, superando fronteiras, controlando 1/3 do comércio internacional, estabelecendo alianças e fusões com outras empresas, planejando e decidindo atividades conforme as determinações de suas sedes nos países centrais, através da telemática, sobre suas subsidiárias. As 100 maiores transnacionais são japonesas, americanas e européias; faturam cerca de 5 bilhões de dólares anualmente e possuem 50% de suas subsidiárias nos países subdesenvolvidos.
A interdependência por competitividade é o que caracteriza a economia globalizada, em que países não têm controle absoluto de sua soberania política e econômica em face do poder do capital, especialmente do especulativo (como ocorreu com a crise asiática a partir de outubro/97).
Denominam-se países emergentes os que tentam se adequar aos padrões da economia global. O Brasil, porém, não pode ser considerado um país emergente, visto que seus índices sociais de escolaridade e de condições médico-sanitárias são deficientes (espelhados em uma taxa de mortalidade infantil e expectativa de vida), sua renda nacional é concentrada e os governos não administram os seus gastos, aumentando os déficits públicos.
Na situação atual apenas os “tigres asiáticos” podem ser considerados emergentes pela sua cultura compatível com o desenvolvimento capitalista, pela administração racional dos seus recursos humanos e econômicos, pelos estímulos às empresas nacionais a fim de ganharem competitividade no mercado internacional e pela mão-de-obra altamente especializada e barata.

C) Regionalização: uma fase da globalização.
Representa conjunção de interesses entre os agentes de globalização (eliminação de fronteiras nacionais e entraves à livre circulação de capitais, mercadorias e serviços) e os Estados (defesa da soberania e nacionalidade) para fazer frente à competitividade internacional.
Acordos de regionalização facilitam reprodução ampliada do capital pelo lucro, pois aumenta o mercado, facilita o comércio e se estabelecem taxas aduaneiras comuns; além disso, incrementam a interdependência por competitividade em escala global, através de alianças e fusões dos conglomerados industriais e financeiros que se formam a nível regional.
85% do comércio internacional é feito pelas alianças destes conglomerados cujas sedes estão na UE, no NAFTA (EUA e Canadá), APEC (que engloba a ASEAN no SE Asiático) e o MERCOSUL.
Etapas da integração (vide texto B- Idade Contemporânea, sub-ítem g, à página 2). A quarta fase, ou seja, a união monetária, corresponde a zona de livre comércio +união alfandegária +mercado comum + coordenação da política econômica com a criação de um Banco Central para todos os países membros. A quinta e última fase assume as fases anteriores, acrescendo a unificação da políticas de relações internacionais, defesa e segurança.

D) Os pólos de poder na economia globalizada: UE, NAFTA e APEC.

a) União Européia – Processo de formação: CECA (fundada em 195l, associando-se o Benelux, Alemanha e França, abafando os nacionalismos e rivalidade franco-germânica pois reuniu áreas siderúrgicas alemãs - Sarre e Ruhr - com as francesas da Alsácia e Lorena). 1957: Tratado de Roma- MCE ou CEE, formando a Europa dos Seis (o mesmo número da CECA), dos Nove (em 1973, incluindo Irlanda, Reino Unido e Dinamarca), dos Dez (198l: Grécia), dos Doze (1986: Espanha e Portugal). Hoje existe a União Européia.
Em 1992, pelo Tratado de Maastrich, criou-se a UE com objetivos de integrar a AELC (mercado comum da Europa Setentrional); de criar o euro- moeda única a partir de 1999; de instituir um Parlamento Europeu e de integrar o Quadrilátero de Visegrád (Hungria, Polônia, Rep. Tcheca e Eslovaca) e os países da Europa Oriental, ora em transição do socialismo para o capitalismo. Ao se juntarem a UE com a AELC forma-se o Espaço Econômico Europeu (EEE) chamado pelos EUA de “fortaleza européia” ou “Estados Unidos da Europa” em face de atingirem todas as etapas de integração.
A partir de 1/5/99 o Tratado de Amsterdam começou a vigorar, regulamentando temas referentes à justiça e ao direito na UE, após 19 meses de referendos populares e ratificações de parlamentos de vários países europeus. É mais um reforço no processo de integração européia: em 1993 caíram as últimas taxas alfandegárias, em janeiro de 1999 iniciou-se a união monetária com o euro. Esse tratado determina “o estabelecimento progressivo de uma área de liberdade, segurança e justiça” dentro da UE.

b) NAFTA: aliança desigual - necessidade de concorrer com o bloco europeu. Ainda é uma zona de livre comércio. Problemas: sindicalistas americanos são contra, crise da Bolsa do México em 1995, disparidades de padrão de vida entre os participantes. Indústrias maquiadoras norte-americanas atravessam a fronteira do México em busca de facilidades e de maiores lucros, além de atenderem à expectativa dos EUA de diminuição dos fluxos ilegais de mexicanos (chicanos).
Até 2005 os EUA estão pretendendo organizar a ALCA, representaria um desastre para a América Latina, em especial para Mercosul, pois as disparidades econômicas e sociais são grandes. Exemplos: a escolaridade dos trabalhadores brasileiros é de 6,5 anos, enquanto nos EUA é de 14;os custos de transportes aqui são o dobro do americano em face da carência de infra-estrutura de hidrovias, ferrovias e portos; a geração de energia na América do Sul era de 120 gigawats, 8 vezes menor que a da América do Norte. Se a ALCA fosse constituída hoje as empresas americanas dotadas de mais capital e tecnologia eliminariam as latino-americanas , aumentando o desemprego e sua dependência.

c) Bloco Asiático - Seqüência do processo: 1950- início da recuperação japonesa; a partir de 1960- expansão japonesa para a Ásia (especialmente os “tigres”, que se tornam plataformas de exportação de automóveis, computadores e produtos eletro-eletrônicos); 1967: formação da ASEAN (Brunei, Vietnã, Cingapura e novos tigres- Filipinas, Tailândia, Malásia e Indonésia), transformada em zona de livre comércio em 1992.
Em 1989, criou-se APEC que incluiu a ASEAN, os países do NAFTA, o Chile, Austrália, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné. É uma zona de livre comércio, onde se defrontam interesses japoneses e americanos. Na Tailândia e Indonésia iniciou-se a crise asiática. Segundo Robert Kurz (na FSP de 2/11/97) o “século do Pacífico” esgotou-se com esta crise (a partir de outubro de 97) , cujas raízes estão no próprio modelo de desenvolvimento japonês (superávits no comércio exterior c/ EUA) e na presença maciça de capitais especulativos na região.

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