sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Prof. Alan Santos/ Geografia
Série 8ª
Capitalismo e Socialismo: da Guerra Fria à Nova Ordem Mundial

A) A Velha Ordem Mundial
Ordem Mundial representa uma hierarquia criada na DIT pela superposição de uns países sobre outros, estabelecendo um conjunto de relações comerciais, diplomáticas, financeiras e tecnológicas entre eles. Ela se iniciou com a I Revolução Industrial e terminou em 1989, com a queda do Muro de Berlim, que simbolizava a bipolaridade e disputa ideológica e militar entre as duas superpotências vencedoras da II Guerra Mundial.
Características: bipolaridade após a II Guerra Mundial  Guerra Fria e daí a divisão do mundo em dois grupos antagônicos, sob a liderança das duas superpotências (EUA x URSS)  retalhamento da Alemanha e de Berlim em 4 áreas de ocupação dos aliados na II Guerra (França, Inglaterra, EUA e União Soviética) Europa dividida geopoliticamente em Ocidental (capitalista, democrática, sob influência americana, recuperada pelo Plano Marshall e unidade pelo MCE e pela OTAN) e Oriental (sob influência soviética, unida economicamente através do COMECON e militarmente pelo Pacto de Varsóvia. EUA: Plano Marshall (Europa Ocidental), Plano Colombo (SE e L da Ásia), arsenal nuclear, guerras da Coréia (1950/53) e do Vietnã (1960/73) para conter a expansão do socialismo.
Equilíbrio de poder do mundo bipolar na Guerra Fria era feito através de organizações econômicas e militares e do arsenal nuclear (‘equilíbrio do terror’). Complexo industrial-militar com o apoio do Estado investe em tecnologia de ponta, que, paradoxalmente, condicionou a atual Revolução da C & T.

B) Capitalismo
Características: fabricação de produtos ou mercadorias para atender as necessidades do mercado, ou seja, economia de mercado cujos preços teoricamente variam conforme a oferta e procura e competição dos agentes de produção, mas que na verdade são controlados pelos grandes grupos empresariais (capitalismo monopolista); a propriedade dos meios de produção (máquinas, fábricas, ...) é privada (dos capitalistas ou burguesia; reprodução do capital através do lucro.
Há dois tipos de capital: o produtivo e o especulativo. No capital produtivo o lucro é reproduzido quando aplicado em fábricas, máquinas, mão-de-obra, matérias-primas, energia, resultando num produto que é vendido e assim retorna o capital inicial com o lucro. Ele gera riquezas ao país, paga salários e impostos.
No capital especulativo o empresário alavanca seu capital (aumento exagerado), investe em ações, força suas cotações para auferir lucro; ou retém alguma mercadoria em estoque para forçar sua alta no mercado para depois vendê-la - isto significa que o lucro está sendo privilegiado, está em primeiro lugar e está havendo uma manipulação do mercado e forçando as regras do jogo.
Evolução do capitalismo:
Comercial (ou pré-capitalismo) - acumulação primitiva de capital do século XIII ao XVIII pois feito pelas trocas comerciais estimulando a produção entre as metrópoles (Mercantilismo - Absolutismo) e as colônias (= colonialismo moderno da Europa sobre a América - formação de colônias de povoamento e de exploração).
A riqueza deixou de ser a terra aos poucos (como na Baixa Idade Média) e a economia de mercado começou a se formar a partir do trabalho artesanal. O crescimento urbano favoreceu o desenvolvimento das relações comerciais e a diversificação social.
A partir do século XV ampliaram-se as relações comerciais com as grandes navegações, criou-se o primeiro processo de globalização, iniciou-se uma DIT com a inserção de novas terras no sistema capitalista e o colonialismo moderno europeu sobre a América.
 Capitalismo Industrial - liberal e concorrencial nos séculos XVIII e XIX. Máquinas a vapor aumentam a produtividade, surge uma nova organização social e econômica (burguesia industrial, dona dos meios de produção x proletariado, com sua força de trabalho). O equilíbrio do mercado se dá pela livre concorrência ou competição com base na lei da oferta (feita pelos produtores) e procura (feita pelos consumidores).
O capitalismo se consolida com a substituição da manufatura pelas máquinas a vapor nas indústrias têxteis. A mecanização aumentou o ritmo de produção de mercadorias e aperfeiçoou a divisão de trabalho (do trabalho artesanal se passou à linha de produção).
O espaço geográfico da produção e as cidades se estruturam próximos das jazidas minerais de hulha (carvão mineral) na I Revolução Industrial.
 Capitalismo financeiro e monopolista - a reprodução ampliada do capital através dos lucros no século XIX exigiu a formação de bancos para gerenciá-lo. Surgiu a partir da II Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX e a crise econômica da Grande Depressão (recessão, falências, desemprego).
Com a Grande Depressão na Europa, no final do século XIX, apenas as grandes empresas sobreviveram, daí surgindo os monopólios e oligopólios, que se ligam aos Estados para obter vantagens e adoção de políticas expansionistas. Ocorre, assim, o imperialismo europeu sobre a África e Ásia, dos EUA sobre a América Central e Pacífico e do Japão sobre a China (Manchúria) e Coréia.
Iniciou-se, desta forma, a segunda globalização com o novo colonialismo e as conquistas tecnológicas (novos meios de transportes e comunicações) e fontes de energia (petróleo) e investimentos (especialmente os britânicos em ferrovias para facilitar o escoamento da produção das colônias aos portos e daí para o mercado externo).
No final do século passado e início do século XX, surgiram duas novas modalidades de divisão técnica de trabalho no interior das empresas: o taylorismo e o fordismo. O taylorismo caracteriza-se pelo fato de nas seções especializadas e interdependentes cada operário faz uma tarefa limitada, rígida e cronometrada num certo tempo.
Mais tarde, de l920 a l970, vigorou o fordismo, criado nos EUA baseando-se na linha de montagem para atender à incipiente sociedade de consumo de massa. O fordismo caracteriza-se, pois, pela especialização das tarefas de trabalho (sistema rígido de trabalho mecânico e repetitivo, aumentando a produtividade do processo de produção), pela estandardização ou padronização da produção na linha de montagem. O fordismo induziu a concentração e verticalização das fábricas num processo de convergência no espaço.
O grande aumento de produção sem a correspondente procura no mercado mundial, gerando superprodução, bem como a especulação financeira condicionaram a crise de 1929. Para resolver essa crise recessiva, que se iniciou nos Estados Unidos e se propagou pelo, criou-se o intervencionismo estatal (ou keynesianismo), também chamado de Capitalismo de Estado: planejamento de obras públicas para geração de empregos, nacionalização de setores estratégicos e controle do mercado. Decorreu daí formação do “welfare state” (Estado do bem-estar social), mediando as relações entre capital e trabalho, fomentando o sistema previdenciário, cuidando da saúde e da educação.
A partir da década de 80 criou-se o Neoliberalismo , com Reagan (EUA) e Margareth Thatcher (Inglaterra), condenando o intervencionismo estatal (que impede o livre funcionamento do mercado) e o “welfare state”( cobrança de impostos como suporte para os gastos com educação e saúde, mas causando déficits públicos). Suas características: abertura da economia (livre cambismo), privatização de empresas estatais, redução do poder dos sindicatos, desemprego (empresas nacionais não conseguem competir com produtos de fora). O México, o Brasil (desde o Presidente Collor), a Argentina estão praticando esta política.

C) Diferenças do nível de desenvolvimento
A descolonização dos países africanos e asiáticos revelou os efeitos do colonialismo europeu: aumentou os “bolsões de pobreza” e tornou maior a desigualdade entre países centrais e periféricos, ou, como se diz atualmente, entre o Norte e o Sul.
Estes países subdesenvolvidos representam 68% da população mundial, mas apenas 17% de sua renda. Seu padrão de vida é extremamente baixo: elevadas taxas de mortalidade infantil (patenteando péssimas condições médico-sanitárias), a renda é muito baixa (entre US$ 370 e 270 anuais), a porcentagem de analfabetos é grande; a maior parte da PEA é rural (revelando uma baixa produtividade agrícola em face da inexistência da mecanização).
A pobreza existe em todos os países, sendo que nos desenvolvidos cresceu a exclusão social com o neoliberalismo e a Revolução tecnocientífica. Nos países periféricos, contudo, a exclusão social é muito grande, decorrendo daí a fome crônica de grande parte da população. Nos países ricos os impostos são investidos em benefícios sociais, especialmente na Europa.
Leia as características dos países subdesenvolvidos nas páginas 5 e 6.

D) Socialismo
Suas características: O Estado, ou a comunidade, é o proprietário dos meios de produção; seus lucros se aplicam em benefícios sociais, e, sendo o empresário único, planifica a economia, investindo especialmente nas indústrias de bens de produção (máquinas, ferramentas...).
As correntes de pensamento socialista (a partir do século XIX, em contrapartida ao liberalismo):
a) Socialismo utópico ou romântico - bases: igualdade entre homens e mulheres, extinção do lucro e das heranças, socialização integral dos meios de produção. Ele se manifestou nas Revoluções Liberais de 1830 e 1848, ocorridas na Europa;
b) Socialismo científico (formulado por Marx e Engels) - assim chamado porque não concebe uma sociedade ideal e sim baseia-se na evolução da História e do capitalismo para criar uma sociedade sem classes. Suas bases: a evolução histórica é determinada pela luta de classes; os operários devem se organizar como uma força revolucionária a fim de estabelecer o poder da ditadura do proletariado, que seria uma transição para uma sociedade igualitária e a socialização da produção.
“Socialismo real” - Partido bolchevique que tomou o poder na Rússia expropriou os meios de produção, acabou o poder dos sovietes antigos (onde haviam reuniões democráticas de debates dos problemas nacionais pelas classes populares), criou uma burocracia ligada ao Estado e cheia de vantagens para administrar a economia centralizada nas mãos do Estado. Com Stalin a Rússia tornou-se uma verdadeira ditadura, sem nenhuma liberdade política, religiosa e cultural.
No período entre 1921/29 formulou-se a Nova Política Econômica (NEP), ou seja, reformas econômicas organizadas por Lênin em que parte da economia estatal voltou a ser particular acabando com o confisco de produção dos camponeses e sua organização em cooperativas, deu-se a liberalização do comércio interno e houve a desnacionalização de pequenas empresas.
Stalin, contudo, acabou com esta política e iniciou outra: o planejamento qüinqüenal da economia, transformando a URSS em superpotência após a II Guerra e expandindo o socialismo para a Europa Oriental e outros países.
Em1985, ascendeu ao poder a ala reformadora do PC da URSS, sob a liderança de Gorbachov, criando as políticas da perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (transparência política) para resolver os problemas soviéticos da década de 80: descontentamento da população com filas para aquisição de bens de consumo (o planejamento estatal privilegiou as indústrias de bens de produção voltadas para o aumento do prestígio internacional como a indústria bélica e aeroespacial), ritmo lento de transformações (em face do engessamento da economia pela burocracia ligada ao Estado), as deficiências da produção agrícola e industrial (justamente por causa desse dirigismo estatal).
As dificuldades atuais da antiga URSS: se transformou na CEI; caiu a “cortina de ferro”; iniciou-se um processo doloroso de transição em certos países da Europa Oriental (como na antiga Iugoslávia, que se esfacelou em novos Estados como a Croácia, a Eslovênia, a Bósnia-Herzegovina, a Macedônia e a Grande Sérvia ou Iugoslávia),mas pacífico na antiga Tchecoslováquia (hoje as Repúblicas Tcheca e da Eslováquia), na Hungria, na Polônia (os 4 formando o Quadrilátero de Visegrád, que pleiteia o ingresso na UE). A Rússia passa pela situação dramática de indicadores negativos como a queda da produção e de renda e conseqüente falências e recessão e desemprego; aumento da pobreza, da inflação e do poder das máfias. Por trás dessas dificuldades na Rússia está a política recessiva criada com a intervenção do FMI, a corrupção da família Yeltsin e a apropriação das empresas estatais por ex-membros do PC e da burocracia.
A China ainda é socialista, mas desde 1978, com Deng Xiaoping, começou a organizar o “socialismo de mercado” com reformas econômicas no campo e na cidade e a abertura das ZEE (zonas econômicas especiais) para atrair transnacionais (aí se instalando em face de mão-de-obra baratíssima e muito disciplinada). Resultado disso: crescimento econômico de 9% na década de 80 e invasão de produtos chineses no mundo. Em julho de 1997, Hong Kong passou para a China, mas continuou capitalista, visto que é a sexta maior bolsa de valores do mundo, a segunda do Oriente e representa a porta de entrada e saída de capitais, mercadorias e serviços particularmente de EUA e Japão.

Capítulo 4 : Globalização - a Nova Ordem Mundial

A) As Origens da Nova Ordem Mundial e da Formação da Economia-Mundo
A Ordem internacional é o conjunto de características geopolíticas e econômicas mundiais que revelam uma situação de equilíbrio de poder. Geopolítica é o saber geográfico colocado a serviço do Estado e um dos elementos que contribuem para a compreensão das relações entre a política e a Geografia (“o geopolítico é um geógrafo à procura de um Estado-maior”).
Em Geopolítica é importante saber o que é heartland (ou região-core): centro dinâmico da geopolítica mundial. Exemplos: no século passado- a Baleia (=Reino Unido - com seu poder marítimo colonial) x o Urso (=França, com seu poder continental); durante a Guerra Fria: EUA (=águia americana) x URSS (urso soviético). Até a Cartografia é usada geopoliticamente - a projeção cilíndrica chamada de Mercator colocou a Europa em posição privilegiada; as projeções azimutais colocam em evidência um país, uma grande empresa transnacional.
A Velha Ordem Mundial vai desde a Revolução Industrial até a Guerra Fria, compreendendo a Ordem da Revolução Industrial (tendo a Inglaterra como região-core até a Primeira Guerra Mundial, sendo ofuscada, juntamente com a Europa, pela hegemonia americana após as duas guerras mundiais) e a Ordem da Guerra Fria. Esta foi bipolar com a hegemonia das superpotências EUA x União Soviética. Os EUA impondo aos aliados capitalistas o Acordo de Bretton Woods (dólar como moeda internacional) e novos órgãos internacionais de controle do comércio (GATT, hoje chamada de Organização Mundial de Comércio) e de crises econômicas nacionais (FMI e Banco Mundial). De outro lado, a União Soviética, com a ditadura stalinista (ou socialismo real), impondo seu modelo aos outros países socialistas.
A Nova Ordem Mundial - iniciou-se tecnologicamente com a Revolução tecnocientífica (originária no pós-guerra com as Eras Atômica e Espacial, mas acelerada após a década de 70); economicamente com a internacionalização do capital com as transnacionais e bancos internacionais e o processo de globalização, geopoliticamente com a multipolarização do espaço geográfico da produção, circulação e consumo e o das idéias pela tríade EUA - Europa Ocidental - Japão formando megablocos regionais e historicamente com a Queda do Muro de Berlim (símbolo da Guerra Fria).
O complexo industrial-militar poderoso na Guerra Fria se esfacelou, mas paradoxalmente criou as bases da tecnologia de ponta aeroespacial, telemática, informática, nuclear e eletrônica. O socialismo perdeu espaço geopolítico, apenas subsiste ainda na China, Coréia do Norte e em Cuba. Há um predomínio do capital especulativo e não mais do produtivo, a partir da década de 70 ( ao cair a conversibilidade do dólar em ouro). Cria-se uma nova DIT: países periféricos além de exportarem produtos primários, também exportam lucros e juros para manter o domínio dos países centrais com sua tecnologia de ponta.

A Revolução Científica e Tecnologia (C & T) representou a modernização dos setores de produção, a automatização das indústrias, daí o aumento e diversificação da produção, a procura de um mercado mundial (para ter um retorno mais rápido do capital investido) e daí a globalização (primeiro do capital produtivo e da tecnologia clássica, depois do capital especulativo e da tecnologia de ponta) e a nova DIT.
O capital, na dinâmica de sua reprodução pelo lucro, apresenta uma tendência à internacionalização para aumentar o mercado. No pós-guerra houve maior internacionalização com a industrialização seletiva a que alguns países periféricos da América Latina e foram submetidos - seletiva porque houve apenas transferência de tecnologia clássica e de capitais produtivos em busca de lucros maiores, já que os custos diferenciais de mão-de-obra, matérias-primas, energia e impostos eram inferiores aos dos países centrais. Continuou, porém, a dependência econômica (empréstimos dos países periféricos para a construção de infra-estrutura necessária para aquelas indústrias) e tecnológica (beneficiou transnacionais, que remetem lucros e royalties aos seus países sedes, onde havia a política do “welfare state” e os impostos eram mais elevados).
As grandes corporações industriais hoje denominadas de transnacionais (ou trustes antes da II Grande Guerra) aumentaram sua lucratividade, ora através de vantagens sobre a concorrência com produtos melhores e mais baratos, ora pela redução de custos de produção (pela automatização ou pela transferência para países que oferecem vantagens comparativas melhores de mão-de-obra, matérias-primas, impostos, legislação ambiental).
Aumentou a concentração de renda e a desigualdade entre os países. Demonstração dessa desigualdade: países centrais concentram 75% da produção mundial, 80% do comércio internacional e 90% da tecnologia de ponta.

B) A Globalização
Na década de 80 ocorreu o esgotamento do modelo do “Estado do bem-estar social” dos países centrais, que tinham adotado o keynesianismo, daí iniciou-se a política neoliberal nos EUA e no Reino Unido e em outros países da América Latina. O neoliberalismo coincide com a globalização adotando o livre-cambismo, que facilita o intercâmbio comercial entre os países.
Ao ideal de “progresso” no início do século e ao de “desenvolvimento” no pós-guerra, criou-se a partir da década de 80 a meta empresarial da “competitividade” = maior produtividade (aprimoramento tecnológico e menores custos de mão-de-obra pela terceirização; matérias-primas e energia) e lucratividade (oferecer ao mercado produtos bons e baratos, gerando-se lucros maiores por menores custos). Para isto é mister altos investimentos em pesquisa C & T, cuja reprodução de capital mais rápida exige a mundialização do mercado.
Avanço tecnológico nos transportes e comércio diminuiu a relação custo-tempo e permitiu às empresas uma estratégia global de produção (decomposição do processo de produção e dispersão das suas etapas em escala mundial, através de rede e em busca de menores custos).
Mundialização do espaço geográfico da produção, da circulação e consumo e o das idéias. Neste as agências internacionais de notícias e de informação (como a AP, Reuters), a Internet e a TV a cabo difundem valores e padrões de comportamento como o consumismo, os modismos e o utilitarismo.
A globalização não significa homogeneização do espaço mundial pois há movimentos de resistência contra ela, criados por grupos excluídos ou de preservação de valores morais e de costumes como os nacionalistas e fundamentalistas religiosos, estes últimos pretendendo o retorno a verdades e dogmas fundamentais de suas crenças. Na realidade, pois, surge uma hibridização ou mistura das condições histórico-culturais do local e do mundo, cultural e economicamente. As razões desta situação são a exclusão social e a maior concentração de renda dentro dos países e a nível internacional.
Além disso, a globalização não corresponde à uma integração social, visto que aumenta a concentração de renda tanto nos países ricos (como nos EUA) como nos países pobres.
Fábrica global ou economia de rede: etapas do processo produtivo é internacionalizado em busca de maior lucratividade, concentrando-se, porém, o processo de pesquisa científica e mercadológica nos países centrais, sedes das empresas.
A aldeia global representa a comunidade internacional integrada pela comunicação e informação em face da mídia eletrônica (rádio e televisão) e telemática (uso conjunto do computador e meios de comunicação como a Internet e via satélite).
A Economia-mundo é executada pelas transnacionais e bancos internacionais, superando fronteiras, controlando 1/3 do comércio internacional, estabelecendo alianças e fusões com outras empresas, planejando e decidindo atividades conforme as determinações de suas sedes nos países centrais, através da telemática, sobre suas subsidiárias. As 100 maiores transnacionais são japonesas, americanas e européias; faturam cerca de 5 bilhões de dólares anualmente e possuem 50% de suas subsidiárias nos países subdesenvolvidos.
A interdependência por competitividade é o que caracteriza a economia globalizada, em que países não têm controle absoluto de sua soberania política e econômica em face do poder do capital, especialmente do especulativo (como ocorreu com a crise asiática a partir de outubro/97).
Denominam-se países emergentes os que tentam se adequar aos padrões da economia global. O Brasil, porém, não pode ser considerado um país emergente, visto que seus índices sociais de escolaridade e de condições médico-sanitárias são deficientes (espelhados em uma taxa de mortalidade infantil e expectativa de vida), sua renda nacional é concentrada e os governos não administram os seus gastos, aumentando os déficits públicos.
Na situação atual apenas os “tigres asiáticos” podem ser considerados emergentes pela sua cultura compatível com o desenvolvimento capitalista, pela administração racional dos seus recursos humanos e econômicos, pelos estímulos às empresas nacionais a fim de ganharem competitividade no mercado internacional e pela mão-de-obra altamente especializada e barata.

C) Regionalização: uma fase da globalização.
Representa conjunção de interesses entre os agentes de globalização (eliminação de fronteiras nacionais e entraves à livre circulação de capitais, mercadorias e serviços) e os Estados (defesa da soberania e nacionalidade) para fazer frente à competitividade internacional.
Acordos de regionalização facilitam reprodução ampliada do capital pelo lucro, pois aumenta o mercado, facilita o comércio e se estabelecem taxas aduaneiras comuns; além disso, incrementam a interdependência por competitividade em escala global, através de alianças e fusões dos conglomerados industriais e financeiros que se formam a nível regional.
85% do comércio internacional é feito pelas alianças destes conglomerados cujas sedes estão na UE, no NAFTA (EUA e Canadá), APEC (que engloba a ASEAN no SE Asiático) e o MERCOSUL.
Etapas da integração (vide texto B- Idade Contemporânea, sub-ítem g, à página 2). A quarta fase, ou seja, a união monetária, corresponde a zona de livre comércio +união alfandegária +mercado comum + coordenação da política econômica com a criação de um Banco Central para todos os países membros. A quinta e última fase assume as fases anteriores, acrescendo a unificação da políticas de relações internacionais, defesa e segurança.

D) Os pólos de poder na economia globalizada: UE, NAFTA e APEC.

a) União Européia – Processo de formação: CECA (fundada em 195l, associando-se o Benelux, Alemanha e França, abafando os nacionalismos e rivalidade franco-germânica pois reuniu áreas siderúrgicas alemãs - Sarre e Ruhr - com as francesas da Alsácia e Lorena). 1957: Tratado de Roma- MCE ou CEE, formando a Europa dos Seis (o mesmo número da CECA), dos Nove (em 1973, incluindo Irlanda, Reino Unido e Dinamarca), dos Dez (198l: Grécia), dos Doze (1986: Espanha e Portugal). Hoje existe a União Européia.
Em 1992, pelo Tratado de Maastrich, criou-se a UE com objetivos de integrar a AELC (mercado comum da Europa Setentrional); de criar o euro- moeda única a partir de 1999; de instituir um Parlamento Europeu e de integrar o Quadrilátero de Visegrád (Hungria, Polônia, Rep. Tcheca e Eslovaca) e os países da Europa Oriental, ora em transição do socialismo para o capitalismo. Ao se juntarem a UE com a AELC forma-se o Espaço Econômico Europeu (EEE) chamado pelos EUA de “fortaleza européia” ou “Estados Unidos da Europa” em face de atingirem todas as etapas de integração.
A partir de 1/5/99 o Tratado de Amsterdam começou a vigorar, regulamentando temas referentes à justiça e ao direito na UE, após 19 meses de referendos populares e ratificações de parlamentos de vários países europeus. É mais um reforço no processo de integração européia: em 1993 caíram as últimas taxas alfandegárias, em janeiro de 1999 iniciou-se a união monetária com o euro. Esse tratado determina “o estabelecimento progressivo de uma área de liberdade, segurança e justiça” dentro da UE.

b) NAFTA: aliança desigual - necessidade de concorrer com o bloco europeu. Ainda é uma zona de livre comércio. Problemas: sindicalistas americanos são contra, crise da Bolsa do México em 1995, disparidades de padrão de vida entre os participantes. Indústrias maquiadoras norte-americanas atravessam a fronteira do México em busca de facilidades e de maiores lucros, além de atenderem à expectativa dos EUA de diminuição dos fluxos ilegais de mexicanos (chicanos).
Até 2005 os EUA estão pretendendo organizar a ALCA, representaria um desastre para a América Latina, em especial para Mercosul, pois as disparidades econômicas e sociais são grandes. Exemplos: a escolaridade dos trabalhadores brasileiros é de 6,5 anos, enquanto nos EUA é de 14;os custos de transportes aqui são o dobro do americano em face da carência de infra-estrutura de hidrovias, ferrovias e portos; a geração de energia na América do Sul era de 120 gigawats, 8 vezes menor que a da América do Norte. Se a ALCA fosse constituída hoje as empresas americanas dotadas de mais capital e tecnologia eliminariam as latino-americanas , aumentando o desemprego e sua dependência.

c) Bloco Asiático - Seqüência do processo: 1950- início da recuperação japonesa; a partir de 1960- expansão japonesa para a Ásia (especialmente os “tigres”, que se tornam plataformas de exportação de automóveis, computadores e produtos eletro-eletrônicos); 1967: formação da ASEAN (Brunei, Vietnã, Cingapura e novos tigres- Filipinas, Tailândia, Malásia e Indonésia), transformada em zona de livre comércio em 1992.
Em 1989, criou-se APEC que incluiu a ASEAN, os países do NAFTA, o Chile, Austrália, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné. É uma zona de livre comércio, onde se defrontam interesses japoneses e americanos. Na Tailândia e Indonésia iniciou-se a crise asiática. Segundo Robert Kurz (na FSP de 2/11/97) o “século do Pacífico” esgotou-se com esta crise (a partir de outubro de 97) , cujas raízes estão no próprio modelo de desenvolvimento japonês (superávits no comércio exterior c/ EUA) e na presença maciça de capitais especulativos na região.








EXERCICIO


1. Os acordos econômicos elaborados entre os membros integrantes de grandes blocos tem intensificado as relações econômicas internacionais. Existem blocos econômicos em estágio avançado de integração, porem existem outros em que apenas funciona a livre circulação de mercadorias. A organização econômica deste tipo é:
a) APEC (Associação para cooperação da Ásia e do Pacifico)
b) MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul)
c) UE (União Européia)
d) NAFTA (Acordo de Livre Comércio Norte Americano)

2. (FGV-SP) Constitui uma das conseqüências ou “efeitos colaterais” do processo de globalização recente:

a) A desconcentração de renda, favorecidas pela integração econômica entre os países do mundo.
b) A queda significativa da economia dos países do chamado G-8, na ultima década.
c) A expressiva diminuição do número de pessoas pobres, que vivem com até um dólar por dia
d) Aumento do desemprego e do mercado informal, em função da modernização dos meios de produção.

3. Com relação aos fluxos de informação leia os textos :
“Mais da metade do gênero humano jamais discou um número de telefone. Há mais linhas telefônicas em Manhattan do que em toda a África, ao sul do Saara”.
“ Nos Estados Unidos, os brancos representam 88,6% dos utilizadores da internet e os negros, 1,3% embora correspondam a 12% da população”.

Considerando os textos, assinale a alternativa correta:
a) O nível de vida das populações e o grau de desenvolvimento tecnológico dos países explicam a desigual distribuição da rede de internet.
b) A cibercultura é universal e constitui um instrumento de massificação e construção de uma consciência de cidadania entre os povos dos países subdesenvolvidos..
c) O centro mundial de fornecimento de serviços da rede de internet são os EUA, devido à grande quantidade de telefones disponíveis.
d) Os custos da conexão virtual são mais elevados nos países ricos do que nos países pobres, o que explica a desigual distribuição.

4. Com relação ao WELFARE STATE marque a alternativa correta:

a) É um organismo que funciona na área de assistência social dos países desenvolvidos, garante ao trabalhador acesso a bens como automóveis, computadores e casas.
b) Atualmente é um órgão que enfrenta problemas, pois as grandes empresas, que através de impostos garantem seu funcionamento, estão transferindo seus complexos industriais para países subdesenvolvidos.
c) Trata-se de uma rede de proteção social que atua nos países Africanos e da América Latina, garantindo uma certa melhoria na qualidade de vida da maior parte da população.
d) Seu funcionamento esta associado a conquistas sociais de trabalhadores americanos e europeus, face às novas tendências do processo de globalização, que Buscam a melhoria da vida do trabalhador.

5. (Fuvest-SP) “A terra, o subsolo, as águas, as florestas, as fabricas, as minas de carvão e de minérios, as estradas de ferro, os transportes por terra e por água, os bancos, as grandes empresas agrícolas organizadas pelo Estado, assim como as empresas municipais e a massa fundamental das habitações nas cidades e as aglomerações industriais são propriedades do Estado, quer dizer, de todo o povo”
Até 1991, o texto acima poderia traduzir uma determinação da constituição:

a) do Brasil
b) da República Federal Alemã
c) da União Soviética
d) dos Estados Unidos

6. (FEI-SP) Durante os anos 60, americanos e russos disputavam a primazia na conquista espacial, num mundo que estava dividido em áreas de influencia capitalista ou socialista. Esse período, situado entre o fim da Segunda Guerra Mundial e derrubada do muro de Berlim e a recente desagregação da URSS, é conhecido como:

a) Neocolonialismo
b) Capitalismo Selvagem
c) Guerra Fria
d) Comunismo de Estado

7. O bloco “europeu ocidental” é, dentro da nova ordenação mundial em blocos de poder e grandes organizações econômicas, aqueles que se apresenta como o mais avançado, ou pelo menos, o único que expressa uma união política explicita (embora ainda não consolidada) entre vários Estados-nações. Esta estratégia em consolidação no espaço europeu pode, quem sabe, constituir o caso mas avançado de uma nova forma de viabilizar e fortalecer o capitalismo à escala internacional.
- O “bloco europeu ocidental” a que se refere o texto é:

a) União Européia
b) North American Free Trade Agreement (Nafta)
c) Benelux
d) Associação Européia de Livre Comércio (Aelc)

8. (Enem) Um dos fenômenos mais discutidos e polêmicos da atualidade é a globalização, a qual impacta de forma negativa:
a) Na mão-de-obra desqualificada, desacelerando o fluxo migratório
b) Nos países subdesenvolvidos, aumentando o crescimento populacional.
c) No desenvolvimento econômico dos países desenvolvidos industrializados
d) Nos países subdesenvolvidos, provocando o desemprego e a exclusão social.

9. Podemos destacar como sendo inovações tecnológicas que ocorreram com a globalização, exceto:

a) Jatos supersônicos que percorrem longas distâncias em curto espaço de tempo
b) O acesso a internet, rede mundial de computadores que conecta milhares de pessoas em tempo real.
c) A telefonia móvel celular.
d) As caravelas que percorrem longas distâncias

10. Com relação à formação dos grandes blocos econômicos podemos afirmar que:

a) Tem o objetivo de proteger a economia dos países membros, assim como aumentar o PIB dos países mais pobres que participam do bloco.
b) Extinguir gradativamente os impostos e a livre entrada de pessoas, como já ocorre no NAFTA e na APEC.
c) Extinguir gradativamente as barreiras alfandegárias entre os países membros e aumentar os fluxos de mercadorias entre os países.
d) Proteger os mercados dos países membros, com medidas de protecionismo, como a diminuição das tarifas de importação e exportação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário